MONITOR DE SECAS DO MÊS DE MAIO DE 2017
Por Márcio Fialho em 19 de junho de 2017
NARRATIVA DO MONITOR DE SECAS DO MÊS DE MAIO DE 2017
Condições Meteorológicas do Mês de Maio 2017
Historicamente, no mês de maio (Figura 1.B), as chuvas com volumes mais expressivos (com acumulados acima de 150 mm), se concentram na faixa centro-norte do estado do Maranhão, extremo norte do Piauí e Ceará e na faixa da zona da mata, desde o estado do Rio Grande do Norte até o recôncavo baiano. Por outro lado, os menores volumes de chuvas (com acumulados inferiores a 25 mm) são esperados no extremo sul do Maranhão e Ceará, centro-sul do Piauí, centro-oeste de Pernambuco e centro-oeste e norte da Bahia. Nas demais áreas do Nordeste brasileiro, os volumes de chuvas variam entre 25 mm e 150 mm.
Em maio de 2017 (Figura 1.A) os maiores volumes de chuvas (com acumulados acima dos 300 mm) foram registrados na zona da mata e agreste dos estados de Alagoas, Sergipe e Pernambuco. Volumes elevados de chuvas (com acumulados variando de 150 a 300 mm) foram registrados no extremo noroeste do Maranhão, zona da mata dos estados da Paraíba e Bahia. Já os menores volumes, com acumulados abaixo de 25 mm, foram registrados na faixa centro-sul dos estados do Maranhão e Piauí, centro-oeste do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e centro-oeste e norte da Bahia. Nas demais áreas do Nordeste brasileiro, estes acumulados variaram entre 25 mm e 150 mm.
O reflexo das chuvas registradas no mês de maio de 2017 é mostrado no mapa da Figura 1.C, onde se constatou déficit das precipitações (com valores variando entre 50 mm e 150 mm) em algumas áreas, a exemplo da faixa centro-norte do e Maranhão e Ceará, extremo norte do Piauí, centro-oeste do Rio Grande do Norte e noroeste da Paraíba. Por outro lado, na maior parte dos estados de Alagoas e Sergipe, parte sul do agreste e zona da mata de Pernambucano e em pontos isolados do recôncavo e sul da Bahia, as precipitações variaram entre 50 mm a 200 mm acima da média histórica. Nas demais áreas do Nordeste brasileiro, as precipitações ficaram em torno da normalidade.
Síntese do Traçado do Monitor das Secas do Mês de Maio de 2017
Em uma pré-análise, foram considerados os índices SPI e SPEI para 3, 4, 6 meses para a seca de curto prazo e de 12, 18 e 24 meses para a seca de longo prazo, com maior detalhamento para os estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia e Pernambuco, em virtude de uma quantidade maior de pontos e informações que esses estados da região Nordeste do Brasil apresentam. No intuito de compensar o déficit de informações, tanto para esses Estados quanto para as demais áreas do Nordeste brasileiro, foi amplamente utilizado o SPI MERGE, além dos seguintes produtos de apoio: climatologia da precipitação mensal, precipitação observada, anomalia de precipitação do mês de maio e dos meses anteriores, bem como o índice de saúde da vegetação (VHI), temperaturas máximas e médias (climatologia, observada e anomalias) de maio e do trimestre março, abril e maio de 2017. Com isso, foi possível analisar as áreas com poucos pontos de informações.
Ao comparar o mapa validado no mês de abril de 2017 (Figura 2.A), com o mapa validado de maio de 2017 (Figura 2.B), verificaram-se algumas mudanças no traçado geral, relatadas a seguir.
As chuvas que ocorreram no mês de maio, sobretudo nos estados de Alagoas, Sergipe e faixa centro-leste de Pernambuco, contribuíram, significativamente, para a redução da intensidade e da área de abrangência da seca neste mês. No sudeste do Maranhão, centro-norte do Piauí e Ceará, além do sul da Bahia, houve uma redução nas áreas de seca fraca (S0), dando origem ou expansão de áreas sem ocorrência de seca.
Quanto às regiões com secas de intensidade mais severas (S3 e S4), o predomínio continua sendo numa extensa área da Bahia, sudeste do Piauí, sudoeste de Pernambuco e numa faixa central da Paraíba e Rio Grande do Norte. Nessas regiões, onde prevalece o abastecimento por meio de carros pipa e/ou com racionamento devido ao pequeno volume de água nos grandes reservatórios, os impactos continuam sendo de curto e longo prazo.
No Maranhão, as chuvas que ocorreram nos últimos três meses (março, abril e maio) contribuíram para a expansão da área sem seca, em praticamente todo o Estado, inclusive no sudeste, onde no mês de abril ainda havia uma extensa área de seca fraca (S0). Na faixa centro-norte do Estado, onde os acumulados das precipitações ficaram abaixo do normal, ainda se manteve sem seca. Com relação aos impactos, apenas numa estreita faixa de seca fraca (S0) na divisa com o Piauí, estes foram de longo prazo (L).
No Piauí, as chuvas do mês de maio se concentraram no norte do Estado, onde contribuíram para redução da área de seca fraca (S0), expandindo, assim, a área sem seca. Nas demais regiões do Estado, que abrangem toda a faixa central e sul, não houve mudanças significativas em relação ao mês de abril, ou seja, permaneceu variando entre seca moderada (S1), na divisa com o Maranhão, e seca excepcional (S4), na divisa com norte da Bahia e oeste de Pernambuco. Quanto aos impactos, apenas no sudeste do Estado, onde a seca continua com intensidades extrema (S3) e excepcional (S4), estes permaneceram de curto e longo prazo (CL), enquanto que nas demais regiões, estes impactos foram, apenas, de longo prazo (L).
As chuvas que ocorreram no Ceará, sobretudo na faixa centro-norte, contribuíram para reduzir a área de seca fraca (S0), dando espaço a uma região sem seca na maior parte dessa faixa. Nas demais regiões do Estado, as mudanças foram pouco significativas, ou seja, a intensidade variou de moderada (S1), na faixa central, a seca extrema (S3), no extremo sudoeste. Em relação aos impactos, apenas no extremo sudoeste estes continuaram sendo de curto e longo prazo (CL). Nas demais áreas de secas, os impactos foram de longo prazo (L).
No estado do Rio Grande do Norte, as chuvas que ocorreram no mês de maio contribuíram para uma significativa redução na área de seca excepcional (S4), principalmente na microrregião da Borborema Potiguar. Por outro lado, estas chuvas não foram suficientes para minimizar a área de seca extrema (S3), que teve uma pequena expansão para a microrregião do Litoral Nordeste do Estado, bem como para a microrregião do Seridó. Outro reflexo das poucas chuvas do mês foi uma expansão de uma pequena área, na divisa com os estados da Paraíba e Ceará, com seca de intensidade extrema (S3). Na maior parte do Estado os impactos continuaram sendo de curto e longo prazo (CL), com exceção de uma grande área da mesorregião do Oeste Potiguar, onde estes foram de longo prazo (L).
Na Paraíba, as chuvas com volumes mais expressivos, que ocorreram no mês de maio, se concentraram na faixa da zona da mata e agreste paraibana, resultando na redução das áreas com secas de intensidades extrema (S3) e excepcional (S4) nessas áreas. Com isso, a seca grave (S2) foi a que predominou nessa faixa. No entanto, houve uma pequena expansão das áreas com S3 e S4 na mesorregião da Borborema. Nas demais áreas do Estado, não houve mudanças significativas, quando comparado com o mês anterior (abril). Na maior parte da Paraíba os impactos continuaram sendo de curto e longo prazo (CL), com exceção de uma grande área da mesorregião do Sertão Paraibano, onde os impactos foram de longo prazo (L).
No estado de Pernambuco, as chuvas do mês de maio, sobretudo na parte sul, tanto do agreste quanto da zona da mata, além da faixa leste do sertão pernambucano, foram suficientes para reduzirem as áreas de secas com intensidade extrema (S3) e excepcional (S4), dando origem as áreas de secas grave (S2), moderada (S1) e fraca (S0). Na área da zona da mata, onde os acumulados das precipitações superaram os 300 mm, as mudanças foram mais expressivas, resultando no surgimento de uma área de seca fraca (S0), quando no mês anterior (abril) predominava seca extrema (S3) e excepcional (S4). Nas demais áreas do Estado, não houve mudanças significativas na intensidade da seca, bem como nos impactos, que permaneceram de curto e longo prazo (CL). As fortes chuvas registradas no mês de maio, principalmente na zona da mata e agreste, também foram suficientes para excluir aqueles impactos de curto prazo (C), mantendo, ainda, os impactos de longo (L) nessas áreas.
O estado de Alagoas foi aquele onde houve as maiores mudanças em relação a intensidade da seca, pois os elevados volumes de chuvas registrados no mês de maio (responsáveis por decretos de situação de emergência, causada pelo excesso de chuvas), foram suficientes para reduzir ou, até mesmo, excluir as áreas de secas com intensidades grave (S2), extrema (S3) e excepcional (S4), dando origem as áreas de secas fraca (S0) e moderada (S1). Além de reduzir a severidade da seca, as fortes chuvas deste mês também foram suficientes para excluir os impactos de curto prazo (C), mantendo, apenas, aqueles de longo prazo (L) na maior parte do Estado.
No estado de Sergipe, os elevados volumes de chuvas registrados no mês de maio também contribuíram para minimizar a severidade da seca em todo o Estado, onde houve redução ou exclusão das áreas de secas com intensidade grave (S2), extrema (S3) e excepcional (S4), dando origem a uma extensa área de seca fraca (S0). Além de reduzir a severidade da seca, as chuvas do mês de maio também contribuíram para excluir os impactos de curto prazo (C), mantendo, somente aqueles de longo prazo (L) na maior parte do Estado.
Na Bahia, as chuvas que ocorreram no mês de maio se concentraram na faixa leste do Estado, ou seja, na área da zona da mata e agreste, o que não foram suficientes para minimizar a severidade da seca na maior parte do Estado. No entanto, no extremo sul as chuvas dos últimos meses contribuíram para deixar essa área sem seca. Já na faixa da zona da mata, entre o recôncavo baiano e a divisa com os estado de Sergipe, as chuvas também contribuíram para minimizar a intensidade da seca, passando de uma seca extrema (S3) para uma seca grave (S2). Na região central e sul do Estado (divisa com Minas Gerais), houve uma expansão nas áreas de secas com intensidade extrema (S3) e excepcional (S4). No norte da Bahia (na divisa com os estados do Piauí e Pernambuco), permaneceu a seca de intensidade excepcional (S4). Quanto aos impactos, esses continuaram de curto e longo prazo (CL) na maior parte do Estado, com exceção da região sul, onde estes ainda persistiram de curto prazo (C). Na região oeste, os impactos foram de longo prazo (L).
Para o refinamento do mapa do MSNE, referente ao mês de maio, foram utilizadas as considerações feitas na reunião de autoria, realizada no dia 09/06/2017, por representantes da ANA-DF, ARESTech, INEMA-BA, APAC-PE, FUCEME-CE e pelos validadores da SEMARH-SE, FUCEME-CE, APAC-PE, SEMARH-AL, LABMET/NUGEO/UEMA-MA, AESA-PB, EMPARN-RN e SEMAR-PI.