MONITOR DE SECAS DO MÊS DE JULHO DE 2017
Por Márcio Fialho em 18 de setembro de 2017
NARRATIVA DO MONITOR DE SECAS DO MÊS DE JULHO DE 2017
Condições Meteorológicas do Mês de Julho de 2017
O mês de julho, climatologicamente, é um dos meses mais chuvosos do setor leste do Nordeste do Brasil (NEB), com precipitações mensais acima de 150 mm em toda faixa litorânea leste, desde a Bahia até o Rio Grande do Norte, conforme pode ser observada na Figura 1(b). Os maiores índices pluviométricos concentram-se no setor leste da Paraíba, Pernambuco e Alagoas, com valores superiores a 250 mm. Por outro lado, é um dos meses mais secos na parte central e oeste da Região, onde a climatologia da precipitação mensal é inferior a 25 mm.
As maiores precipitações acumuladas no mês de julho/2017 ocorreram no setor leste do NEB, com valores superiores a 300 mm nas mesorregiões do Litoral Leste, Zona da Mata e Agreste dos estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas, e superiores a 200 mm no Litoral de Sergipe e Bahia. Também ocorreram chuvas significativas, acima de 100 mm, no litoral do Maranhão, centro-leste do Ceará, Sertão da Paraíba e de Pernambuco, conforme o mapa da precipitação observada na Figura 1(a). No centro e sul dos estados do Maranhão, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte, bem como no oeste de Pernambuco e Bahia os valores dos acumulados mensais foram inferiores a 25 mm, sendo que no sul do Maranhão e Piauí e oeste da Bahia não foram registradas precipitações.
Chuvas acima da média foram registradas no setor leste do NEB, com valores de anomalia superiores a 200 mm no Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, e Alagoas, bem como chuvas acima de 100 mm no noroeste do Ceará e sul da Bahia. Chuvas abaixo da média ocorreram em todo oeste do Nordeste e em pontos isolados dos estados do oeste e norte do NEB, sendo que os maiores desvios negativos, com redução de mais de 100 mm foram observados no noroeste do Maranhão, como pode ser verificado na Figura 3(c).
Síntese do Traçado do Monitor das Secas de Julho de 2017
Em uma pré-análise, foram considerados os índices SPI e SPEI para 3, 4, 6, 12, 18 e 24 meses, com maior detalhamento para os estados do Ceará (CE), Rio Grande do Norte (RN), Paraíba (PB), Pernambuco (PE) e Bahia (BA), em virtude de uma quantidade maior de pontos e informações que esses estados da região Nordeste do Brasil (NEB) apresentam. No intuito de compensar o déficit de informações, tanto para esses estados quanto para as demais áreas do NEB, foram utilizadas, de forma ampla, os seguintes produtos de apoio: climatologia da precipitação mensal, precipitação observada, anomalia de precipitação do mês de julho (e dos meses anteriores), bem como, o índice de saúde da vegetação (VHI). Com isso, áreas do NEB, onde há poucos pontos de informações, foram analisadas, além de complementar as áreas onde a densidade de informações é maior.
É necessário ressaltar que, para o traçado deste mapa, é considerada a seca física, levando-se em conta, principalmente, os índices SPI e SPEI, de curto e longo prazo, sem analisar as informações dos reservatórios.
Ao comparar o mapa validado no mês de junho de 2017, na figura 2 (a), com o mapa validado do mês de julho de 2017, na figura 2 (b), verificaram-se algumas mudanças no traçado geral (figura 2), tais como:
No estado do Maranhão, os maiores acumulados de precipitação foram registrados no extremo norte do estado, com valores acima de 50 mm, e os menores acumulados, no centro e sul do estado. Apesar da pouca precipitação registrada em julho, houve pequenas modificações com relação ao mês anterior, apenas uma pequena expansão da seca fraca (R0) no oeste do estado, com impactos de curto prazo (C). A permanência de grande parte do estado sem seca relativa é justificada por esse ser período da estação seca, e o normal é que se tenha pouca chuva durante o mês de julho.
No Piauí, houve uma pequena expansão da seca fraca (S0) para o norte, na região de divisa com o Ceará. Nas outras áreas do estado não houve modificação considerável, devido o mês de julho fazer parte da estação seca, onde naturalmente já se espera pouca precipitação. O estado permanece sem seca relativa na parte norte e nas outras regiões com seca variando de fraca (S0) a excepcional (S4), sendo a maior intensidade da seca no setor leste e menor no setor oeste. Quanto aos impactos da seca, todas as áreas se encontram com seca de curto e de longo prazo (CL), devido a pouca quantidade de precipitação nos últimos dois meses.
No Ceará, houve uma pequena expansão para norte na área de seca fraca (S0) e nas demais áreas não houve modificações consideráveis. Permanecendo o norte sem seca relativa e as outras áreas do estado com seca variando com intensidade de fraca (S0) a seca extrema (S3). Em relação aos impactos, onde antes era apenas de longo prazo (L) passou a ser de curto e longo prazo (CL), devido a pouca quantidade de chuvas ocorridas nos últimos dois meses. Ressaltando que esse é o período normalmente seco no estado.
No Rio Grande do Norte, as precipitações de julho reduziram a intensidade da seca na região do Agreste Potiguar de seca excepcional (S4) para seca extrema (S3), e na região Leste Potiguar a intensidade reduziu de seca grave (S2) para seca fraca (S0). A região Central e Oeste Potiguar permaneceram sem alterações na intensidade da seca, isso porque as poucas precipitações não foram suficientes para amenizar a severidade da seca, que permanece com intensidade variando de seca moderada (S1) a seca extrema (S3). Os impactos na região Central e Oeste Potiguar são de curto e longo prazo (CL), e na região do Agreste e Leste Potiguar passaram a ser apenas de longo prazo (L), devido às precipitações observadas no último mês.
Na Paraíba, as chuvas que ocorreram no mês de julho contribuíram para a redução da intensidade da seca nas regiões do Agreste e da Mata. No Agreste e na parte leste da Borborema, onde antes tinha seca excepcional (S4) reduziu para intensidade de seca extrema (S3), na Mata que antes tinha seca fraca (S0) em toda a extensão passou a ter áreas sem seca. No Sertão e parte oeste da Borborema não ocorreram modificações significativas na intensidade da seca, apenas a região que antes tinha seca apenas de longo prazo (L), passou a ter seca de curto e longo prazo (CL). Na Mata e parte leste do Agreste a seca apresenta impacto, apenas, de longo prazo.
Em Pernambuco, devido aos acumulados de precipitação de julho, houve expansão da área sem seca para a Mata Norte e também para o setor sul do Agreste.
Houve redução na intensidade da seca na divisa com a Paraíba, onde antes tinha seca excepcional (S4) passou a ter seca extrema (S3). Nas outras regiões do estado não ocorreram mudanças significativas devido às chuvas ocorridas em julho e permanece a intensidade da seca variando de grave (S2) a excepcional (S4). Quanto aos impactos, no centro e sul do Agreste os impactos são de apenas longo prazo (L) e no Sertão os impactos são de curto e longo prazo (CL).
Alagoas permanece sem seca relativa em praticamente todo o estado, excetuando-se o extremo oeste, onde ainda tem seca com intensidade variando de fraca (S0) a moderada (S1), com impactos apenas de longo prazo (L).
Sergipe é o estado da Região Nordeste onde se apresenta a melhor situação com a relação às secas. Em praticamente todo estado não se tem registros de seca, apenas no estremo oeste permanece seca fraca (S0) com impacto de longo prazo (L), indicando que essa região está saindo de um período de seca.
Na Bahia, as chuvas que ocorreram no mês de julho se concentraram na faixa leste do estado e contribuíram para expansão da área sem seca nessa região, que vai desde o sul até litoral norte. No entanto, no extremo oeste, houve uma expansão da área de seca grave (S2) e de seca extrema (S3), devido à diminuição das chuvas e ao aumento das temperaturas nessa região. O estado permanece com seca variando de seca fraca (S0) no setor leste, até seca excepcional (S4) no centro e norte do estado. Quanto aos impactos, apenas na divisa com Sergipe os impactos são de longo prazo, em todas as áreas do estado os impactos são de curto e longo prazo (CL).
Para o traçado do mapa, referente ao mês de junho, foram utilizadas as considerações feitas no processo de autoria e validação pelos representantes da ANA-DF, AESA-PB, APAC-PE, ARESTech, ENPARN-RN, FUNCEME-CE, INEMA-BA, SEMARH-SE e UEMA-MA.