MONITOR DE SECAS DO MÊS DE OUTUBRO DE 2017
Por Márcio Fialho em 20 de novembro de 2017
NARRATIVA DO MONITOR DE SECAS DO MÊS DE OUTUBRO DE 2017
Condições Meteorológicas do Mês de Outubro de 2017
O mês de outubro é considerado um mês seco no centro e norte do Nordeste do Brasil, onde a precipitação climatológica fica abaixo de 25 mm, incluindo o norte de Maranhão e do Piauí, todo estado do Ceará e do Rio Grande do Norte, norte da Bahia, e grande parte da Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, como pode ser observado na Figura 1b. No sul e oeste da região Nordeste, onde a climatologia mostra chuvas acima de 100 mm (oeste do Maranhão e do Piauí, e sul e oeste da Bahia), começa a pré-estação chuvosa, com as primeiras pancadas de chuvas isoladas, porém seguidos de vários dias consecutivos sem chuvas.
A precipitação que ocorreu em outubro de 2017 ficou abaixo de 25 mm na maior parte da região Nordeste, sendo que em muitas localidades não houve ocorrência de chuvas, de acordo com a Figura 2. Apenas no litoral da Bahia foram registradas chuvas isoladas com acumulados acima de 100 mm.
O reflexo das poucas precipitações ao longo do mês de outubro pode ser visto na Figura 1c, onde se observa um déficit de precitação entre 100 e 200 mm no oeste do Maranhão, sul do Piauí e sul e oeste da Bahia, especificamente onde deveriam ter ocorrido os maiores totais de precipitação. Também na parte central da Região, as chuvas ficaram abaixo do esperado, mas com anomalias negativas inferiores a 25 mm. Apenas, no norte do Ceará e leste do Rio Grande do Norte e da Paraíba as chuvas ficaram acima do esperado, porém devido aos baixos valores da climatologia do mês, esses valores não corresponderam a mudanças significativas.
A diminuição da precipitação e da nebulosidade, durante o mês de outubro, favoreceu para o aumento da temperatura na Região e consequentemente aumento da evapotranspiração, contribuindo para aumentar a intensidade de seca em algumas áreas do Nordeste Brasileiro.
Síntese do Traçado do Monitor das Secas de Outubro de 2017
Em uma pré-análise, foram considerados os índices SPI e SPEI para 3, 4, 6, 12, 18 e 24 meses, com maior detalhamento para os estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Bahia, devido a maior quantidade de pontos e informações que esses estados da região Nordeste do Brasil (NEB) apresentaram. No intuito de compensar o déficit de informações, para os outros estados e demais áreas do NEB, foram utilizados os seguintes produtos de apoio: climatologia da precipitação mensal, precipitação observada, anomalia de precipitação do mês de julho (e dos meses anteriores), bem como, o índice de saúde da vegetação (VHI). Com isso, áreas do NEB, onde há poucos pontos de informações, foram analisadas, além de complementar as áreas onde a densidade de informações é maior.
Para o traçado deste mapa, foi considerada a seca física, levando-se em conta os índices SPI, SPI-MERGE e SPEI, de curto e longo prazo, considerando também os impactos da seca na população urbana e rural atingida pela seca.
Ao comparar o mapa validado no mês de setembro de 2017, na figura 2(a), com o mapa do mês de outubro de 2017, na figura 2(b), verificaram-se algumas mudanças no traçado geral (figura 2), tais como:
No Maranhão, esperavam-se chuvas no sul e oeste do estado com valores entre 100 e 150 mm, porém as chuvas foram inferiores a 25 mm em, praticamente, todo o estado. A ausência de chuvas e aumento das temperaturas contribuiu para expansão da área de seca grave (S2) e seca extrema (S3) na direção central do estado. Todo o estado está sobre o efeito de seca, com intensidade variando de seca fraca (S0) no setor norte até seca extrema (S3) no setor sul. Quanto aos impactos, estes permaneceram classificados como sendo, apenas, de curto prazo (C), devido ao tempo em que essa seca se instalou ter sido apenas nos últimos três meses.
No Piauí, a precipitação acumulada em outubro ficou abaixo de 25 mm em todo estado, e em muitos municípios não houve registro de precipitação. O déficit de chuvas associado ao aumento da temperatura contribuiu para expansão da área de seca excepcional (S4) no sudoeste do estado, e também houve um pequeno aumento de área nas outras as categorias de seca. A intensidade da seca varia de seca moderada (S2) no parte norte do estado até seca excepcional (S4) na parte sul do estado. Já os impactos da seca seguem, na maior parte do estado, sendo de curto e longo prazo (CL), com exceção do extremo norte e uma parte da divisa com o Maranhão que apresenta seca com impactos apenas de curto prazo (C).
No Ceará, outubro é um mês climatologicamente seco, e as precipitações registradas foram inferiores a 25 mm em praticamente todo estado, sendo que em algumas localidades não houve registro de precipitações. Em razão das poucas chuvas e da elevação das temperaturas que ocorreram no mês de outubro e nos meses anteriores, alguns indicadores apontam para intensificação da seca. Na parte norte do estado, houve uma expansão da área de seca moderada (S2) para norte e da área de seca excepcional (S4) para sudeste do estado. Os impactos da seca são de curto prazo (C) na parte norte, e de curto e longo prazo (CL) na parte centro-sul.
No estado de Rio Grande do Norte, em virtude das poucas precipitações e altos valores de temperatura registrados nos últimos meses, bem como dos impactos da seca de longo prazo que prolonga desde 2012, houve uma expansão na área de seca excepcional (S4) na parte sul da mesorregião Central Potiguar. Também houve expansão da área de seca extrema (S3) na parte norte da mesorregião Oeste Potiguar. Já os impactos da seca são de curto e longo (CL) em todo estado.
Na Paraíba, surgiu uma área de seca excepcional (S4) em praticamente toda mesorregião do Sertão Paraibano e na parte norte da mesorregião Borborema, nas áreas que fazem divisa com o Ceará e Rio Grande do Norte. Também houve pequena expansão para leste das intensidades de seca. Em praticamente todo estado está ocorrendo seca que varia de seca fraca (S0) no leste até seca excepcional (S4) no oeste. Os impactos de seca em todo o estado agora são de curto e de longo prazo.
No estado de Pernambuco, o mês de outubro é considerado um dos mais secos, de acordo com a climatologia, sendo que em outubro de 2017 a precipitação foi inferior a 25 mm na Zona da Mata e Litoral, inferior a 10 mm no Agreste e não houve registros de precipitação no Sertão. A ausência de precipitação e de também de nuvens acarretou o aumento das temperaturas, e consequentemente, também aumento da evapotranspiração e das áreas de seca em todo estado. Na mesorregião Sertão, houve expansão da área de seca excepcional (S4) em direção ao Sertão Central; na mesorregião Agreste, houve expansão para sul das áreas de seca de intensidade extrema (S3), grave (S2) e moderada (S2). Na Zona da Mata e Litoral, permanece com seca fraca (S0) apenas na Mata Norte e sem seca na região Metropolitana do Recife e Mata Sul. Em todo o estado os impactos da seca são de curto e longo (CL) prazo.
Em Alagoas, houve uma pequena expansão da área de seca fraca (S0) no extremo oeste, devido a pouca precipitação de outubro de 2017. As demais áreas permanecem sem seca relativa, em virtude da contribuição das chuvas ocorridas no período chuvoso do estado.
Em Sergipe, surgiu uma pequena área de seca fraca (S0) no extremo oeste, na região de divisa com Alagoas e Bahia. Em todas as outras áreas do estado permanece sem seca relativa, devido à quantidade de chuvas no período chuvoso terem sido suficientes para eliminar os impactos da seca que assolava a região.
Na Bahia, esperam-se chuvas superiores a 100 mm no extremo oeste e também no litoral sul do estado. A precipitação acumulada em outubro de 2017 foi inferior a 25 mm em praticamente todo o estado, causando um déficit de chuvas em todas as áreas do estado. Esse déficit de precipitação não afetou as condições do sul e leste do estado, devido ao acumulado de chuvas dos meses anteriores, permanecendo essa região sem seca. Por outro lado, devido a ausência de chuva não só de outubro, mas também dos meses anteriores, houve aumento dos indicadores SPI e SPEI de curto e longo prazo, resultando na ampliação da área se seca extrema (S4) no oeste do estado,. Quanto aos impactos, permanecem de curto e longo (CL) em todo o estado.
Para o refinamento no traçado do mapa do mês de outubro de 2017, foram utilizadas as considerações feitas durante a reunião de autoria realizada no dia 09/11/2017 pelos representantes da ANA-DF, APAC-PE, FUNCEME-CE, ARESTech, EMPARN-RN e INEMA-BA, e durante o processo de validação que ocorreu no período de 10 a 14/11/2017 pelos representantes das seguintes instituições: LABMET/UEMA-MA, SEMAR-PI, FUNCEME-CE, EMPARN-RN, AESA-PB, IPA-PE, SEMARH-AL e INEMA-BA.