MONITOR DE SECAS DO MÊS DE ABRIL DE 2018
Por Márcio Fialho em 15 de maio de 2018
Condições Meteorológicas Observadas no Mês de Abril de 2018
O mês de abril faz parte do período chuvoso do norte do Nordeste, que vai de fevereiro a maio, bem como do início do período chuvoso do setor leste da Região, que vai de abril a julho. Nesse mês, a Zona de Convergência Intertropical associada com distúrbios ondulatórios de leste foram os principais sistemas atuantes, causando chuvas superiores a 600 mm em vários estados.
A precipitação acumulada no mês de abril está representada na figura 1(a), onde se observa que os maiores valores de precipitação, acumulados acima de 300 mm, foram registrados no norte do Maranhão e do Piauí, norte e leste do Ceará, oeste da Paraíba e Rio Grande do Norte, e no leste de Alagoas, Pernambuco e Paraíba. Já os menores totais acumulados de chuva, inferiores a 50 mm, ocorreram nas seguintes regiões: sul do Maranhão e do Piauí, centro e norte da Bahia e oeste de Alagoas e Sergipe. Nas demais áreas houve grande variabilidade da precipitação.
De acordo com a climatologia de abril, representada na Figura 1 (b), os maiores índices pluviométricos, com valores acima de 300 mm, concentram-se no norte e leste da Região. Por outro lado, os menores volumes de precipitação (inferiores a 100 mm), historicamente, ocorrem na parte central da Bahia.
Foi verificado que o valor da precipitação climática, acima de 300 mm, observado no Sertão da Paraíba (na Figura 1 b) não está condizente com os dados climatológicos da região e, portanto, não são verídicos. Dessa forma, a anomalia negativa também não representa valor verídico e não foram considerados nessa análise.
As chuvas de abril ficaram acima da climatologia em praticamente todas as áreas dos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco. Nos outros estados, as chuvas variaram de normal a abaixo do normal, porém foram suficientes para diminuir a intensidade da seca na Região, excetuando apenas o oeste de Sergipe e Alagoas, onde houve uma intensificação do índice de seca.
Síntese do Traçado do Monitor das Secas de Abril de 2018
No traçado do Mapa foi considerada a seca física, levando-se em conta, principalmente, os índices SPI e SPEI para 3, 4, 6 meses para a seca de curto prazo e de 12, 18 e 24 meses para a seca de longo prazo. Também foram utilizados os seguintes produtos de apoio para elaboração do Mapa: precipitação e temperatura (climatologia, precipitação observada e anomalia), o índice de saúde da vegetação do mês de abril e dos meses anteriores. Com isso, foi possível analisar outras áreas do NEB onde havia poucos pontos de informações.
A figura 2 mostra o mapa validado de março de 2018 (a) e o mapa validado de abril de 2018 (b). Ao comparar os dois mapas, verificou-se redução na intensidade da seca na maior parte da Região, sendo o detalhamento por estado nas mudanças no traçado geral, descrito a seguir:
No Maranhão, as chuvas centro e norte do estado em abril e também dos meses anteriores contribuíram, significativamente, para a redução da seca em praticamente todo o estado. A maior parte do estado encontra-se sem condições de seca, apenas no sudoeste são observadas áreas de seca fraca (S1) e moderada (S2), com impactos de longo prazo (L).
No Piauí, houve uma expansão da área sem seca no norte do estado e diminuição da intensidade da seca nas outras regiões. A intensidade da seca que atinge o estado varia de fraca (S0) a grave (S2), com impactos, apenas, de longo prazo. Sendo a seca grave (S2) na parte leste do estado e a seca moderada (S1) na parte oeste.
No Ceará, houve mudanças significativas em relação ao mês anterior, ocorrendo diminuição da intensidade da seca em todo estado, com uma pequena expansão da área sem seca no norte. Na parte leste, onde antes se observava seca extrema (S3) de curto e de longo prazo passou a ter seca grave (S2) apenas de longo prazo. No centro-sul, as precipitações ao longo do mês contribuíram para redução da intensidade da seca grave (S2) para seca moderada (S1), permanecendo o impacto apenas de longo prazo (L).
No Rio Grande do Norte, as chuvas de abril contribuíram para uma redução nas áreas e na intensidade da seca em todo estado. Na parte central do estado, onde havia seca extrema (S3) de curto e de longo prazo (CL), passou a ter seca variando de moderada (S1) a grave (S2), apenas de longo prazo (L). No oeste do estado, a seca diminuía a intensidade de grave (S2) para moderada (S1) e no leste, diminuiu a intensidade, passando de seca moderada (S1) para seca fraca (S0). Em todo o estado, os impactos são apenas de longo prazo.
Na Paraíba, as chuvas foram bem distribuídas, o que contribuiu para redução da intensidade da seca em todo estado. Onde havia seca de curto e de longo prazo (CL) com intensidade extrema (S3), passou a ter seca apenas de longo prazo com intensidade grave (S2). No Sertão, onde a seca de longo prazo (L) era de intensidade grave (S3) passou a ser de intensidade moderada (S2). No leste do estado a seca também ocorreu uma diminuição das áreas e da intensidade da seca.
Em Pernambuco, as chuvas intensas que ocorreram em abril contribuíram para redução das áreas e da intensidade da seca em todas as regiões. A seca se apresenta apenas com impactos de longo prazo, devido às consequências das secas dos anos anteriores. No Sertão, houve uma redução da intensidade da seca, onde variava de seca grave (S2) a seca excepcional (S4), passou a ter seca de intensidade moderada (S1) a seca grave (S2). No Agreste, a seca varia de fraca (S0) no leste para seca grave (S2) na divisa com o Sertão. Não há observações de seca no Litoral e Zona da Mata do estado.
Em Alagoas, houve uma pequena expansão da área de seca grave (S2) devido a pouca quantidade de precipitação nessa área. Por outro lado, as precipitações de abril contribuíram para melhorar as condições no Litoral e na Zona da Mata, onde não há mais indicativo de seca. Na parte central do estado, não houve modificação no quadro de seca com relação ao mês anterior. As condições de seca no estado variam de seca fraca (S0) na parte central até seca grave (S2) no Sertão, com impactos de longo prazo, ficando a Zona da Mata e Litoral sem seca.
Em Sergipe, assim como no estado de Alagoas, as chuvas não foram suficientes para melhorar a situação de seca no Sertão, com relação ao mês de março. Houve uma intensificação da seca no Sertão do estado, passando de seca moderada (S1) para seca grave (S2). No Litoral, onde havia seca fraca (S0) passou a ser uma área sem seca, devido às chuvas ocorridas em abril. Nas outras áreas não houve modificação com relação ao mês anterior. O estado permanece com parte de sua área sofrendo com seca que varia de fraca (S0) a seca moderada (S2), com impacto de longo prazo (L).
Na Bahia, apesar da grande variabilidade das chuvas, houve uma redução das áreas de seca em todo o estado. No norte do estado houve redução das áreas de seca excepcional (S4), extrema (S3) e grave (S2), com impacto permanecendo de curto e de longo prazo (CL). No oeste do estado houve diminuição da área de seca moderada (S1) e grave (S2), permanecendo com impactos de apenas longo (L) prazo. No litoral norte, na área onde havia seca fraca (S0), foi verificado a ausência de seca em virtude das chuvas que ocorreram nessa região, dessa forma, observa-se em todo litoral e sul do estado uma ampla área sem seca relativa.
Para o traçado do mapa validado, referente ao mês de abril de 2018, foram utilizadas as considerações feitas na reunião de autoria, realizada no dia 08/05/2018, por representantes da APAC-PE, EMPARN-RN, FUNCEME-CE, INEMA-BA, ANA e ARESTech, e durante o processo de validação do mapa, pelos representantes das seguintes instituições: AESA-PB (01), EMPARN-RN (01), FUNCEME-CE (01), INEMA-BA (01), IPA-PE (04), LABMET/UEMA-MA (01), SEMAR-PI (01), SEMARH-AL (01).