MONITOR DE SECAS DO MÊS DE JUNHO DE 2018
Por Márcio Fialho em 18 de setembro de 2018
NARRATIVA DO MONITOR DE SECAS DO MÊS DE JUNHO DE 2018
Condições Meteorológicas do Mês de Junho de 2018
Historicamente, conforme pode ser observada na figura 1 (b), no mês de junho, o litoral oeste do Maranhão (MA), uma pequena área na faixa litorânea do Ceará (CE), e a faixa litorânea do leste da região Nordeste do Brasil (NEB), são as regiões do NEB que possuem os maiores índices pluviométricos, com volumes superiores a 150 mm. Em algumas dessas regiões os índices pluviométricos são superiores a 250 mm, principalmente nas áreas litorâneas compreendidas entre Rio Grande do Norte (RN) e centro da Bahia (BA). As demais regiões do NEB, de um modo geral, historicamente, possuem índices pluviométricos inferiores a 75 mm e, em grande parte do NEB, como no centro-sul do MA, grande parte do Piauí (PI), centro-sul do CE, extremo oeste de Pernambuco (PE) e centro-oeste da Bahia (BA), a climatologia de precipitação é inferior a 25 mm.
De um modo geral, no decorrer do mês de junho de 2018, conforme mostra a figura 1 (a), os índices pluviométricos mais significativos ficaram concentrados nas regiões onde historicamente são observados os maiores volumes de chuva. No entanto, observa-se na figura 1 (c), anomalia de precipitação, que no litoral leste do NEB, em uma área compreendida entre o litoral do estado da Paraíba (PB) e o litoral norte da BA, foram observadas anomalias negativas de precipitação. No litoral leste do estado de RN bem como no sudeste da BA, foram observadas anomalias positivas de precipitação. Nas demais áreas do NEB, as precipitações ficaram em torno da normalidade para o período, como no caso do oeste dos estados da BA e PE, sul do CE e no centro-sul dos estados do PI e MA. Nas demais áreas da região do NEB, os totais acumulados foram inferiores a sua média histórica, o que contribuiu para a presença de anomalia negativa de precipitação na maior parte da região.
Síntese do Traçado do Monitor das Secas de Junho de 2018
Em uma pré-análise, foram considerados os índices SPI e SPEI para 3, 4, 6, 12, 18 e 24 meses, com maior detalhamento para os estados do Ceará (CE), Rio Grande do Norte (RN), Paraíba (PB) e Pernambuco (PE), em virtude de uma quantidade maior de pontos e informações que esses estados da região Nordeste do Brasil (NEB) apresentam. No intuito de compensar o déficit de informações, tanto para esses estados quanto para as demais áreas do NEB, foram utilizadas, de forma ampla, os seguintes produtos de apoio: climatologia da precipitação mensal, precipitação observada, anomalia de precipitação do mês de junho (e dos meses anteriores), bem como, o índice de saúde da vegetação (VHI) e o indicador de estresse da vegetação (ESI). Com isso, áreas do NEB, onde há poucos pontos de informações, foram analisadas, além de complementar as áreas onde a densidade de informações é maior.
É necessário ressaltar que, para o traçado deste mapa, foi considerada a seca física, levando-se em conta, principalmente, os índices SPI e SPEI, de curto e longo prazo, sem analisar as informações dos reservatórios.
Ao comparar o mapa validado no mês de maio de 2018, na figura 2 (a), com o mapa validado do mês de junho de 2018, na figura 2 (b), verificaram-se algumas mudanças no traçado geral (figura 2), tais como:
No estado do MA, os indicadores, principalmente de curto prazo (C), mostram que houve o avanço da seca fraca (S0) e na seca moderada (S1), verificadas no mês anterior, para a região central. Essas mudanças foram em virtude das poucas precipitações que ocorreram ao longo do mês de junho. Na região centro-norte, permanece uma ampla área sem seca relativa.
No PI, em virtude dos baixos índices pluviométricos observados ao longo do mês de junho, principalmente na parte centro-sul, houve uma expansão da seca considerada grave (S2) e seca moderada (S1), além do surgimento de algumas áreas com seca extrema (S3). Na parte norte, também houve uma leve expansão da seca fraca (S0). Nas demais áreas, não houve mudanças no traçado do mapa.
No CE, as chuvas que ocorreram no mês de junho não contribuíram para a redução da intensidade da seca. Na região sul, os indicadores de curto e longo prazo apontam uma piora no grau de severidade da seca. Por isso, houve o aumento da área com seca grave (S2). Nas demais áreas deste estado, os indicadores não mostram alterações no quadro de seca. Em uma ampla área, na região norte, são observadas condições sem seca relativa.
Em boa parte do território de RN, as precipitações de junho não foram suficientes para amenizar a severidade da seca. Por isso, observa-se um aumento da área com seca moderada (S1) no centro-sul. No litoral leste, em virtude da precipitação observada em junho e nos meses anteriores, os indicadores, principalmente de curto prazo (C), mostram um aumento da área sem seca relativa, ou seja, um recuo da seca fraca (S0), no sentido litoral para o sertão.
Na PB, em relação ao mês de maio, houve uma expansão na área com seca, na região central, com grau de severidade moderada (S1) na região central. Nas demais áreas, não houve alterações no traçado do mapa. Os impactos da seca em todo o território paraibano são de longo prazo(L).
No estado de PE, os indicadores mostraram uma expansão da categoria de seca extrema (S3), observada no mês anterior (maio) para o setor oeste do estado. Através dos indicadores, principalmente de curto prazo, também foi verificado o surgimento uma área com seca excepcional (S4) na região oeste, fronteira com o norte da BA, além de um aumento, na região nordeste, da área com seca fraca (S0), moderada (S1) e grave(S2). Nas demais áreas de PE, não houve mudanças em relação ao mês anterior. Em uma área da região oeste há impactos da seca de curto e longo prazo (CL), enquanto nas demais o impacto da seca é de longo prazo (L).
Nos estados de AL e SE, em virtude das chuvas observadas ao longo de junho, alguns produtos de apoio como índice de vegetação (VHI) e indicador de estresse da vegetação (ESI), mostram um avanço, na porção oeste, da seca grave (S2) em direção ao centro do estado. Nos dois estados, os impactos da seca são de longo prazo (L).
Na Bahia (BA), o material de apoio juntamente com os indicadores SPEI, mostram uma expansão da seca com severidade grave (S2), extrema (S3) e excepcional (S4) na região norte do estado. Também foi observado um aumento da área com seca moderada (S1), com esta avançando da área central em direção ao sul. Nas demais áreas do estado, não houve alterações. No norte do estado, onde há seca S3 e S4, os impactos são de curto e longo prazo (CL) e nas demais áreas os impactos são de longo prazo (L).
Para o traçado do mapa do mês de junho, foram utilizadas as considerações feitas na reunião de autoria pelos representantes da ANA-DF, APAC-PE, ARESTech, FUNCEME-CE e INEMA-BA, realizada no dia 10/07/2018 e durante o processo de validação realizado entre os dias 11-07 e 13-07 pelos representantes da AESA-PB, APAC-PE, ENPARN-RN, INEMA-BA, IPA-PE, LABMET/UEMA-MA, SEMARH-AL e SEMAR-PI.