MONITOR DE SECAS DO MÊS DE FEVEREIRO DE 2019
Por Márcio Fialho em 4 de abril de 2019
NARRATIVA DO MONITOR DE SECAS DO MÊS DE FEVEREIRO DE 2019
Condições Meteorológicas do Mês de Fevereiro de 2019
O mês de fevereiro faz parte do primeiro período chuvoso do Nordeste brasileiro, sobretudo na faixa centro-sul e oeste dos estados do Maranhão, Piauí e Bahia, como também marca o início do segundo período chuvoso na faixa centro-norte dessa Região, incluindo o norte da Bahia. Os principais sistemas meteorológicos que normalmente causam chuvas no mês de fevereiro no Nordeste do Brasil são: Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e Vórtice Ciclônico de Altos Níveis (VCAN).
Historicamente, os maiores volumes de chuvas, com acumulados acima de 150 mm, ocorrem no estado do Maranhão, norte do Ceará, centro-oeste do Piauí e Paraíba e oeste da Bahia. Nas demais áreas desta Região, que inclui os estados do Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, Pernambuco, Minas Gerais, centro-leste da Paraíba e Bahia estes volumes apresentam acumulados inferiores a 50 mm.
Em fevereiro de 2019 as chuvas mais significativas foram observadas (Figura A), nos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Minas Gerais, oeste da Bahia e em parte do Rio Grande do Norte e Paraíba, com acumulados superiores a 150 mm. Nas demais áreas desta Região, os volumes ficaram abaixo de 50 mm.
No geral, as chuvas no mês de fevereiro ficaram abaixo do esperado em quase toda a Bahia, Maranhão e sul do Ceará (Figura C). Nos demais Estados, os volumes ficaram em torno do normal a acima da média.
Apesar de chuvas abaixo da média, houve melhora nas condições de seca no Piauí, Ceará e Minas Gerais. Nas outras áreas, ocorreram pequenas modificações nas condições de seca na Região Nordeste e um pequeno agravamento da seca no sul da Bahia e Sergipe.
Síntese do Traçado do Monitor das Secas do Mês de Fevereiro de 2019
Em uma pré-análise, foram considerados os índices SPI e SPEI para 3, 4, 6, 12, 18 e 24 meses, com maior detalhamento para os Estados do Ceará (CE), Rio Grande do Norte (RN), Paraíba (PB), Pernambuco (PE), Alagoas e Bahia (BA), em virtude de uma quantidade maior de pontos e informações que esses Estados apresentam. No intuito de compensar o déficit de informações, tanto para esses Estados quanto para as demais áreas do Nordeste brasileiro, foram utilizadas, de forma ampla, os seguintes produtos de apoio: climatologia da precipitação mensal, precipitação observada, anomalia de precipitação do mês de fevereiro (e dos meses anteriores), precipitações acumuladas de 90 dias, bem como, o índice de saúde da vegetação (VHI) ao longo dos últimos 12 meses (valores mínimos e médias), além da sua evolução semanal no mês de fevereiro. Com isso, áreas do Nordeste, onde há poucos pontos de informações, foram analisadas, além de complementar as áreas onde a densidade de informações é maior.
É necessário ressaltar que, para o traçado deste mapa, foi considerada a seca física, levando-se em conta os índices SPI, SPI-MERGE e SPEI, de curto e longo prazo, levando-se em conta também os impactos da seca na população urbana e rural atingida pela seca. Os índices que englobam os escoamentos superficiais e a presença de veranicos (SRI e SDSI) também foram avaliados.
Ao comparar o mapa validado no mês de janeiro de 2019, na Figura 2(A), com o mapa R2 do mês de fevereiro de 2019, na figura 2(B), verifica-se que houve mudanças no traçado geral, principalmente nos estados do Piauí, Ceará, Minas Gerais Sergipe, Pernambuco e Bahia.
O estado do Maranhão apresentou precipitações significativas, entretanto, não mostraram desvios positivos em relação à climatologia do mês de fevereiro. Mesmo assim, no extremo norte do Estado, as anomalias ficaram acima do normal esperado, com acumulados superiores a 150 mm. Com base nisto, houve uma extinção da área de seca grave (S2) no sudoeste do Estado. Os impactos nestas áreas mantiveram-se de curto prazo (C).
O Piauí teve volumes precipitados acima 100 mm em todo o Estado, tornando as anomalias positivas nessa região. Assim, com base na análise dos indicadores combinados de curto prazo, houve uma redução da grave (S2) na porção sudoeste, aumentando a área com seca moderada (S1). Predominaram os impactos de curto e longo prazo (CL) no Estado, mas com impacto de curto prazo na porção mais ao norte, litorânea.
No Ceará, devido ao aumento da precipitação no centro e norte, houve expansão da área sem seca no norte do Estado. Com base na precipitação ocorrida e nos indicadores de curto prazo, e melhorias na saúde da cobertura vegetal, houve um significativo recuo das secas fraca (S0), moderada (S1) e grave (S2) ao sul do Estado. Os impactos continuam de curto prazo no norte, e de curto e longo prazo no restante do Estado.
O Rio Grande do Norte apresentou uma extinção da feição de seca extrema (S3), deixando a área com feição de seca grave (S2) nas microrregiões do Seridó (divisa com o estado da Paraíba). Também, houve redução da área com seca fraca (S0) para Sem Seca Relativa no extremo leste do Estado. Nas demais áreas não houve modificações no traçado. Os impactos são de curto prazo (C) no litoral leste e de curto e longo prazo (CL) na maior parte do Estado.
A Paraíba teve modificações no quadro de seca extrema (S3), em relação ao cenário do mês de janeiro de 2019, sobretudo no Agreste e Cariri, aumentando a feição de seca grave (S2) nessa área. Em todo Estado observa-se condições de seca, cuja intensidade varia seca fraca (S0) no litoral até seca extrema (S3) no Sertão, Agreste e Cariri. Os impactos são de curto prazo (C) no Litoral.
No estado de Pernambuco houve pequenas alterações nas condições de seca, que variam de intensidade fraca (S0) a moderada (S1) no Litoral e na Zona da Mata, devido a grande variabilidade nas chuvas, com áreas de chuvas acima do normal e outras abaixo do normal, de intensidade grave (S2) a extrema (S3) no Agreste e de intensidade excepcional (S4) no extremo sul do sertão pernambucano. Os impactos são de curto prazo (C) no Litoral e Zona da Mata, e de curto e de longo prazo (CL) no Agreste e Sertão.
Os Estados de Alagoas e Sergipe não apresentaram chuvas significativas ao longo do mês de fevereiro, deixando suas anomalias negativas. Mesmo assim, houve uma pequena redução na área de seca extrema (S3), sobretudo no centro-norte de Sergipe. Em Alagoas não houve alteração nos quadros de seca. Os impactos, já preconizados em meses anteriores, mantiveram-se (impactos de curto prazo no Litoral (C) e de curto e longo prazo (CL) nas outras áreas dos Estados).
Na Bahia houve chuvas superiores a 100 mm somente na mesorregião do Oeste baiano. No restante do Estado, os acumulados ficaram inferiores a 50 mm. Mesmo assim, com a atuação das chuvas no Oeste, as anomalias permaneceram negativas. Com isso, houve um leve aumento do quadro de seca fraca (S0) no extremo oeste baiano, bem como no Sul do Estado. Além disso, houve também um pequeno aumento no quadro de seca extrema (S3) na porção mais ao norte, onde faz divisa com o estado de Sergipe. Nas outras áreas do Estado não ocorreram modificações consideráveis. Os impactos são de curto prazo (C) no leste e, curto e longo prazo (CL) nas demais áreas.
Em Minas Gerais, as chuvas foram significativas, sobretudo no centro-sul do Estado, onde apresentaram volumes acima de 150 mm. Sendo assim, ocorreu uma expansão na área de Sem Seca Relativa, em todo o centro-sul de Minas Gerais. Nas demais áreas, não ocorreram mudanças em relação ao quadro de seca. Os impactos são de curto prazo (C) no leste e, curto e longo prazo (CL) nas demais áreas.
Para o traçado do mapa do Monitor de Secas, referente ao mês de fevereiro de 2019, foram utilizadas as considerações feitas na vídeo reunião de autoria, realizada no dia 11/03/2019, por representantes da APAC-PE, FUNCEME-CE, INEMA-BA e ANA, bem como a análise dos formulários de validação enviados pelo SISEMA/IGAM-MG, SEMAR-PI, APAC/IPA-PE, FUNCEME-CE, LABMET/NUGEO/UEMA-MA, EMPARN/EMATER-RN, SEMARH-SE e AESA-PB.