MONITOR DE SECAS DO MÊS DE MARÇO DE 2019


Por em 22 de abril de 2019



NARRATIVA DO MONITOR DE SECAS DO MÊS DE MARÇO DE 2019

 

Condições Meteorológicas do Mês de Março de 2019

 

Março é considerado um mês com muita chuva em grande parte do Nordeste brasileiro, principalmente na faixa norte. A Figura 01 apresenta (a) a distribuição das precipitações durante o mês de março de 2019 na região Nordeste(NE) e Minas Gerais(MG); (b) a climatologia dessas regiões, e (c) os desvios de precipitação em relação a climatologia desse mês; Historicamente (Figura 01- b), os maiores volumes de chuvas, com acumulados acima de 150 mm, ocorrem no estado do Maranhão, Piauí, Ceará, oeste dos Estados do Rio Grande do norte, Paraíba, Pernambuco e Bahia, além do oeste e sul de Minas Gerais. Nas demais áreas desta região, que incluem Alagoas, Sergipe, o leste dos estados do Rio Grande do Norte, da Paraíba e de Pernambuco, norte de Minas Gerais e grande parte da Bahia, os volumes precipitados acumulados normalmente são inferiores a 100 mm.

Em março de 2019, as chuvas mais significativas foram observadas (Figura 01-a) nos estados do Maranhão, Ceará, norte do Piauí, oeste e nordeste da Bahia, e porção leste dos Estados de Pernambuco, Piauí e Minas Gerais, com acumulados superiores a 150 mm. Nas demais áreas os volumes ficaram abaixo de 150 mm.

As maiores anomalias negativas (Figura 01- c) foram observadas nos Estados do Maranhão e Piauí (função da alta climatologia), região central do Ceará, na porção leste do Estado de Alagoas, litoral sul da Bahia, e na faixa oeste-leste-nordeste de Minas Gerais. Já no litoral cearense, extremo norte do Maranhão e Piauí, e oeste e leste nordeste da Bahia, apresentarão as maiores anomalias positivas (chuvas bem acima do esperado historicamente).

 

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Figura 01. Espacialização da precipitação (mm) mensal no mês de Março/2019 na região Nordeste do Brasil, Minas Gerais e Espírito Santo: (a) precipitação acumulada; (b) climatologia; (c) anomalia de precipitação. Fonte: Produtos de apoio do Monitor de Secas (CPTEC/INPE). 

 

Síntese do Traçado do Monitor das Secas do Mês de Março de 2019

Em uma pré-análise, foram considerados os índices SPI e SPEI para 3, 4, 6, 12,18 e 24 meses, com maior detalhamento para os Estados do Ceará (CE), Rio Grande do Norte (RN), Paraíba (PB), Pernambuco (PE), Alagoas e Bahia (BA), em virtude de umaquantidade maior de pontos e informações que esses Estados apresentam. No intuito de compensar o déficit de informações, tanto para esses Estados quanto para as demais áreas do Nordeste brasileiro, foram utilizadas, de forma ampla, os seguintes produtos de apoio: climatologia da precipitação mensal, precipitação observada, anomalia de precipitação do mês de março (e dos meses anteriores), precipitações acumuladas de 90 dias, bem como, o índice de saúde da vegetação (VHI) ao longo dos últimos 12 meses (valores mínimos e médios), além da sua evolução semanal no mês de março. Com isso, áreas do Nordeste, onde há poucos pontos de informações, foram analisadas, além de complementar as áreas onde a densidade de informações é maior.

É necessário ressaltar que, para o traçado deste mapa, foi considerada a seca física, levando-se em conta os índices SPI, SPEI e MERGE, de curto e longo prazo, levando-se em conta também os impactos da seca na população urbana e rural atingida pela seca. Os índices que englobam os escoamentos superficiais e a presença de veranicos (SRI e SDSI) também foram avaliados.

Ao comparar o mapa validado no mês de fevereiro de 2019 (Figura 02- a) com o mapa validado do mês de março de 2019 (Figura 02- b), verifica-se que houve mudanças no traçado geral em basicamente todos os Estados, sendo mais significativo em Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte.

 

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Figura 02. Monitor de Secas do Nordeste: (a) fevereiro/2019; (b) março/2019 – Mapa Final. 

O estado do Maranhão apresentou precipitações significativas em quase todo o Estado (100 a >300 mm). Entretanto, devido a climatologia do mês de março ser alta para esta região, observou-se desvios negativos de forma generalizada (exceto no extremo norte do estado). Com base nisto, houve uma pequena redução da área de seca fraca (S0) na região central do Estado. Não houve redução na seca moderada (S1) pelo fato dos indicadores SPI, SPEI, e os combinados de longo e curto prazo, ainda indicarem a persistência desse nível de seca na região. Os impactos nestas áreas foram alterados, passando para longo prazo (L), pelo fato desse nível de seca já perdurar por mais de seis (6) meses, e os impactos de curto prazo já terem sidos minimizados pelas boas chuvas que ocorreram nos dois (2) últimos meses.

No Piauí também ocorreram boas chuvas, com volumes superiores a 200 mm na porção norte, mas com uma pequena diminuição para o sul (100 a 150 mm). A semelhança do que ocorreu no Maranhão, devido a climatologia alta (>150 mm), os desvios da média histórica (anomalias) foram negativos em basicamente todo o Estado.

Com base na análise dos indicadores combinados de curto e longo prazo, houve uma redução das secas extrema (S3) e grave (S2) na porção sudeste e norte, aumentando a área com seca moderada (S1). Predominaram os impactos de longo prazo (L) no Estado, pelo mesmo motivo apresentado anteriormente (Maranhão), mas com impacto de curto e longo prazo (CL) na porção sul-sudeste.

O Ceará apresentou precipitações significativas (> 250 mm) na faixa norte (litoral) e no sul (região do Cariri) do Estado. As chuvas decresceram para o centro do Estado, mas mesmo assim, apresentaram volumes totais entre 150 a 200 mm. Dado a climatologia ser elevada (>150 mm), o Ceará apresentou anomalias negativas justamente na sua porção central. Com base na precipitação ocorrida e nos indicadores de curto e longo prazo, houve recuos das secas grave (S2), moderada (S1) e fraca (S0) no Estado. Predomina os impactos de longo prazo (L) nas áreas com seca.

No Rio Grande do Norte as chuvas mais significativas ocorreram nas porções oeste e leste do Estado (150 a 300 mm). No centro do Estado ouve uma significativa redução dos volumes precipitados (<100 mm). Observaram-se anomalias negativas na porção centro-oeste (climatologia alta), e positiva no leste e norte do Estado (litoral).Houve reduções da área com seca grave (S2) e moderada (S1), e a instalação da seca fraca (S0) no litoral norte, bem como área sem seca no litoral leste do Estado. Os impactos são de longo prazo (L) em todo o estado.

A Paraíba teve extinta a área de seca extrema (S3) em virtude das chuvas que ocorreram no Estado. Choveu bem (100 a 200 mm) no oeste e na faixa litorânea, com diminuição dos volumes precipitados na porção centro-leste (<100 a 50 mm). Com exceção da região oeste, que apresentou desvios negativos da média histórica, o resto do Estado acompanhou a climatologia. Houve redução expressiva da seca grave (S2) e, consequentemente, expansão da seca moderada (S1). Os impactos são de longo prazo (L) em todo o estado.

No estado de Pernambuco observaram-se precipitações significativas na porção oeste (>150 mm), com decaimento dos volumes para leste (<150 a 50 mm). Houve redução expressiva da seca extrema (S3), ficando esta restrita a uma pequena área no sudoeste do Estado. Consequentemente, houve um aumento da área sob seca grave (S2) e o aparecimento de pequena área de seca moderada (S1). Os impactos são de longo prazo (L) em quase todo o Estado.

Alagoas mostrou um nítido gradiente da distribuição das chuvas, decrescente de oeste (>150 mm) para leste (<100 mm). Por apresentar uma climatologia baixa para o mês de março, Alagoas apresentou anomalias positivas no oeste, e negativas no leste, acompanhando o gradiente das chuvas. A região de seca extrema (S3) cedeu espaço para a seca grave (S2). Em virtude das precipitações, os indicadores também mostram uma redução, na porção leste, nas áreas com seca moderada(S1) e fraca(S0), bem como o surgimento de uma ampla área sem seca na faixa litorânea. Em razão das precipitações no curto prazo, os impactos são de longo (L) em todo o território alagoano.

Já Sergipe teve uma sensível melhora nas chuvas de maio, comparado ao mês anterior. As maiores chuvas ocorreram na porção oeste (150 a 200 mm), com diminuição para leste, chegando a 125 mm. Dado a climatologia baixa, ocorreram anomalias positivas em basicamente todo o Estado. A seca estrema (S3) deu espaço para a seca grave (S2). Em virtude das precipitações, os indicadores também mostraram uma redução, na porção leste, nas áreas com seca grave (S2), moderada (S1) e fraca (S0), bem como o surgimento de uma área sem seca no litoral norte. Há impactos de longo (L) e de curto e longo (CL) prazo no estado.

Na Bahia houve chuvas superiores a 150 mm, chegando a 300 mm, nas regiões oeste (2º mês) e nordeste baiano. Em grande parte do Estado, numa nítida faixa nortesul, as chuvas giraram entre 150 e 50 mm. No litoral extremo sul as chuvas foram mais regulares, girando entre 125 e 150 mm. As anomalias acompanharão as chuvas, sendo em grande parte, positivas. Com base nestas informações, e pelo que os indicadores mostraram, recuou-se as áreas sob seca grave (S2) e moderada (S1). Os impactos são de curto (C) prazo no litoral sul, e de curto e longo prazo (CL) nas demais áreas. “Com base nestas informações, e pelo que os indicadores mostraram, recuou-se as áreas sob seca grave (S2) e moderada (S1), aumentando ligeiramente a área de seca fraca (S0) no Oeste da Bahia.”

Em Minas Gerais, as chuvas apresentaram um nítido gradiente decrescente desudoeste (>200 mm) para nordeste (100 a 50 mm). A climatologia apresenta este mesmo padrão, mas com valores um pouco mais elevados. Foram observadas anomalias positivas somente na porção norte-noroeste e sudoeste. Nas demais áreas predominaram anomalias negativas. Assim, a única alteração significativa proposta é de um pequeno avanço da seca fraca (S0) na porção leste. Nas áreas de seca os impactos são de curto e longo prazo (CL).

Para o traçado do mapa do Monitor de Secas, referente ao mês de março de 2019, foram utilizadas as considerações feitas na vídeo conferencia dos autores, realizada no dia 09/04/2019, por representantes da PE-APAC, CE-FUNCEME, BAINEMA,DF-ANA e ARESTech. Participaram, como ouvintes, técnicos do estado de Espírito Santo (ES). O Monitor de Secas de março contou ainda, com as considerações feitas pela rede de validadores dos estados de: Alagoas – SEMARH, Bahia – INEMA,Ceará – EMATERCE, Maranhão – LABMET, Minas Gerais – IGAM, Paraíba – AESA, Pernambuco – APAC, Piauí – SEMAR, Rio Grande do Norte – EMPARN, e Sergipe – SEMARH.

 



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