MONITOR DE SECAS DO MÊS DE JUNHO DE 2019


Por em 12 de setembro de 2019



NARRATIVA DO MONITOR DE SECAS DO MÊS DE JUNHO DE 2019

 

Condições Meteorológicas do Mês de Junho de 2019

 

A figura 1 apresenta para o mês de junho de 2019 na região Nordeste do Brasil (NEB), em Minas Gerais e em Espírito Santo; (a) precipitação observada; (b) climatologia de precipitação; (c) anomalia de precipitação em valores absolutos; (d) anomalia percentual de precipitação.

Historicamente, junho é um mês de poucas chuvas em quase toda a região do NEB e na região sudeste analisada (Figura 01.b). Os índices pluviométricos mais significativos estão concentrados no litoral leste do NEB e no extremo norte do Maranhão (MA), podendo apresentar, nestas regiões, acumulados superiores a 200 mm. Nas demais áreas, precipitações são, historicamente, inferiores a 100 mm.

Em junho, de um modo geral, foram observados (figura 01.a) índices pluviométricos que acompanharam a média histórica em praticamente toda a região analisada. Apesar disto, ocorreram desvios absolutos significativos (figuras 01.c) nos estados do MA (porção norte), Ceará (CE) e parte da região leste do NEB. Percentualmente (figura 01.d), os desvios mais significativos ocorreram em áreas cuja climatologia era baixa, como grande parte do oeste do NEB e Minas Gerais (MG).

Quanto a chuva observada, os maiores volumes ocorreram no norte do MA, superiores a 150 mm, na região metropolitana de Fortaleza, no leste de Rio Grande do Norte (RN) e nos litorais da Paraíba (PB), Pernambuco (PE), Alagoas (AL) e Sergipe (SE), bem como no litoral norte da Bahia (BA). Nas demais áreas, os totais acumulados foram inferiores a 100 mm, destacando-se uma extensa área na porção oeste do NEB e MG, onde as chuvas observadas foram inferiores a 20 mm.

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Figura 01. Espacialização da precipitação (mm) mensal no mês de junho de 2019 na região Nordeste do Brasil (NEB), Minas Gerais (MG) e Espírito Santo (ES): (a) precipitação acumulada; (b) climatologia de precipitação; (c) anomalia absoluta de precipitação; (d) Anomalia percentual de precipitação. Fonte: Produtos de apoio do Monitor de Secas.

 

 

Síntese do Traçado do Monitor das Secas do Mês de Junho de 2019

Em uma pré-análise, foram considerados os índices SPI (Indicador Padronizado de Precipitação) e SPEI (Indicador Padronizado de Precipitação e Evapotranspiração), para 3, 4, 6, 12, 18 e 24 meses, com maior detalhamento para os estados do Ceará (CE), Rio Grande do Norte (RN), Paraíba (PB), Pernambuco (PE), Alagoas (AL) e Bahia (BA), em virtude de uma quantidade maior de pontos de informações. Para compensar o déficit de informações, tanto para esses estados quanto para as demais áreas da região analisada, foram utilizados, de forma ampla, os seguintes produtos de apoio: climatologia da precipitação mensal, precipitação observada, anomalia de precipitação do mês de junho (e dos meses anteriores), precipitação acumulada de 90 dias, temperaturas médias e mínimas para o mês de junho e no trimestre (AMJ), bem como o índice de saúde da vegetação (VHI) ao longo dos últimos 12 meses (valores mínimos e médios, absolutos e normalizados), além da sua evolução semanal no mês de junho. Com isso, áreas do NE e sudeste, onde há poucos pontos de informações, foram analisadas, além de complementar as áreas onde a densidade de informações é maior.

É necessário ressaltar que, para o traçado deste mapa, foi considerada a seca física, levando-se em conta os índices SPI, SPEI e COMBINADO de curto (mínimo de SPI 03 e 04 com SPEI 03 e 04) e longo (mínimo de SPI 12,18 e 24 com SPEI 12,18 e 24) prazo, levando-se em conta também os impactos da seca na população urbana e rural. Os índices que englobam os escoamentos superficiais e a presença de veranicos (SRI e SDSI) também foram utilizados na análise.

Comparando-se o mapa validado no mês de maio de 2019 (figura 02.a) com o mapa validado do mês de junho de 2019 (figura 02.b), verifica-se algumas mudanças no traçado, que são transcritas a seguir.

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Figura 2. Mapas do Monitor de Secas em 2019: (a) Maio; (b) Junho – Mapa Validado.

 

No MA, de um modo geral, os indicadores não mostraram grandes mudanças no traçado do mapa. Em uma área do centro leste, fronteira com o Piauí (PI), os indicadores de curto e longo prazo mostram que houve um aumento da área com seca fraca (S0). Nas demais áreas do estado, não houve alterações em relação ao mês anterior (maio).

No PI, assim como no MA, os indicadores, tanto de curto como de longo prazo, não mostram alterações na seca relativa apresentada no mês anterior. Por isso, a seca observada até o mês de maio, permaneceu inalterada. Os impactos observados, permanecem sendo de longo prazo (L).

No Ceará (CE), com exceção da região metropolitana de Fortaleza, onde foram observados totais pluviométricos superiores a 120 mm, os totais  de chuva foram inferiores a 75 mm em praticamente todas as regiões. Assim, com base nos indicadores de curto e longo prazo e no índice de saúde da vegetação (VHI), aumentou-se as áreas de seca relativa fraca (S0) e moderada (S1) em direção ao norte do estado.

Rio Grande do Norte (RN) repetiu o padrão da distribuição da chuva dos dois meses anteriores, ou seja, apresentou um gradiente decrescente de chuva de leste para oeste. No litoral leste os volumes precipitados chegaram a mais de 120 mm. Já na porção oeste, os volumes observados não ultrapassaram os 30 mm. Vale ressaltar que no centro do Estado foram observados totais mensais inferiores a 10 mm. Com base na chuva acumulada nos últimos três meses (AMJ) e em indicadores principalmente de curto prazo, aumentou-se a área de seca relativa fraca (S0) e moderada (S1) no litoral norte e no oeste do estado, bem como houve o avanço da seca grave (S2) na porção centro-sul do estado. Já no litoral leste, optou-se por recuar a área de seca fraca (S0).

A Paraíba (PB) teve uma distribuição da chuva semelhante a RN, com volume de precipitação baixo na porção oeste (< 40 mm) e valores mais elevados na região leste, com volume superior a 200 mm em algumas áreas. A alteração mais significativa foi na porção oeste, onde optou-se pelo avanço da área de seca moderada (S1), o que pode ser confirmado pela piora no VHI. No restante da PB não ocorreram mudanças no traçado da seca relativa, permanecendo com os mesmos impactos observados até o mês anterior (maio).

Em Pernambuco (PE) repetiu-se o padrão observado nos estados da PB e RN, ou seja, os maiores volumes de precipitação foram registrados na faixa litorânea (superiores a 150 mm), com decaimento para oeste, atingindo valores inferiores a 30 mm. Com base nos indicadores combinados de curto e longo prazo, e da pouca chuva que ocorreram nos últimos três meses, houve um aumento da área de seca grave (S2). Também se optou por aumentar a área de seca extrema (S3) na fronteira com a Bahia (BA), onde nos últimos três meses houve pouca chuva, o que acaba se refletindo numa piora do VHI. Os impactos continuam de longo (L) e curto e longo prazo (CL).

Alagoas (AL), assim como Sergipe (SE), foram os estados que apresentaram, percentualmente, áreas com maiores volumes de chuva, o que se refletiu na saúde da cobertura vegetal (VHI), e os índices SPI e SPEI de curto prazo indicam uma melhora na condição de seca relativa de ambos os estados, principalmente nas regiões próximas do litoral. Além disso, por causa da chuva nos últimos quatro meses, optou-se por diminuir as áreas sob seca grave (S2), moderada (S1) e fraca (S0). Os impactos são de curto e longo prazo (CL) no oeste e de longo prazo (L) na porção central destes estados.

A Bahia (BA) foi, juntamente com o MA, o estado que apresentou o maior gradiente na distribuição da chuva, com totais superiores a 200 mm, na região que compreende desde o recôncavo até o litoral norte, e valores inferiores a 10 mm em grande parte da região oeste. Em relação ao mês anterior (maio), houve um avanço da área com seca extrema (S3) no norte, fronteira com PE, sendo observado pelo VHI. Na fronteira com SE, houve um recuo, da seca S3, em razão das boas chuvas que ocorreram na área entre os dois estados. Nas demais áreas do Estado, que inclui a faixa centro-sul e oeste, não houve alterações nos níveis de seca. Com exceção do extremo oeste, onde há impactos de longo prazo (L), praticamente todo o território baiano permanece com impactos de curto e longo prazo (CL).

Em Minas Gerais (MG), não foi observado volume de chuva superior a 50 mm. Com base no indicador SPEI de longo prazo e no VHI, aumentou-se a área de seca moderada (S1) na região próxima à BA.  No extremo oeste, os indicadores, principalmente de curto prazo (3 e 4 meses), mostram uma área com seca fraca (S0), em razão da pouca chuva que ocorreu nos últimos 120 dias. Os impactos são de curto e longo prazo (CL) no centro-norte  e de curto prazo no extremo oeste.

No Espírito Santo (ES), as precipitações também não foram expressivas, o que colaborou para a permanência da seca fraca (S0) no oeste do estado, corroborando com a situação observada no leste de MG. Em relação ao mês anterior, baseado nos indicadores de curto e longo prazo (SPI e VHI), além de informações locais, optou-se por ampliar a condição de seca fraca (S0) nas áreas do sul do estado, com impactos de curto e longo prazo (CL).

Para o traçado do mapa do Monitor de Secas de junho de 2019, foram utilizadas as considerações feitas na videoconferência dos autores, realizada no dia 09/07/2019, por representantes da APAC-PE, FUNCEME-CE e INEMA-BA. Participaram, como ouvintes,  pesquisadores da FUNCEME, envolvidos no tratamento dos dados que compõem o projeto GIS do Monitor de Secas, representante do grupo do Espírito Santo, Prof. Adilson Gandu (BA), bem como representantes da ANA. Também foram utilizadas as considerações feitas pela rede de validadores do Monitor de Secas: SEMARH-AL, INEMA-BA, INCAPER-ES, CEPDEC-ES, IGAM-MG, APAC-PE, IPA-PE, SEMAR-PI, EMPARN-RN, SEMARH-SE e SEDURBS-SE.



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