MONITOR DE SECAS DO MÊS DE SETEMBRO DE 2015


Por em 19 de outubro de 2015



NARRATIVA DO MONITOR DAS SECAS DO MÊS DE SETEMBRO DE 2015

Condições Meteorológicas do Mês de Setembro de 2015

Historicamente, o mês de setembro faz parte do período de estiagem na maior parte do Nordeste brasileiro, com exceção da faixa leste (numa área que vai desde o litoral de Pernambuco até o extremo sul da Bahia), onde os volumes de chuvas variam entre 75 mm e 150 mm. Nas demais áreas da Região, em anos considerados normais, os acumulados de chuvas não ultrapassam os 25 mm (Figura 1B). As temperaturas médias neste período também são elevadas, com valores atingindo 30°C.

Em setembro de 2015, as precipitações foram inferiores a 50 mm (Figura 1A), representando chuvas abaixo da média em toda Região (Figura 1C). Também foram registradas temperaturas médias com valores entre 2°C e 3°C acima dos valores climatológicos, excetuando a faixa norte que vai do Maranhão até o Rio Grande do Norte do Norte, onde as temperaturas médias ficaram dentro da climatologia. Foram registradas temperaturas máximas acima de 38°C em todos os dias no oeste da Região (sul do Maranhão, sul do Piauí e oeste da Bahia), sendo a maior temperatura registrada 41,8°C no dia 26/09, em Bom Jesus – PI. Essas condições atmosféricas acarretaram maior evaporação, agravando a situação de seca, principalmente no setor oeste da Região, onde ocorreram as maiores alterações no Mapa em relação ao mês anterior.

Possivelmente, as condições registradas em setembro estiveram associadas à resposta da atmosfera pela ocorrência do fenômeno El Niño que já está instalado, o qual causa subsidência do ar sobre o Nordeste do Brasil, inibindo a formação de nuvens e favorecendo aquecimento e evaporação acima do normal.

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Figura – Espacialização da precipitação mensal: (A) observada em setembro de 2015, (B) média histórica (climatologia) do mês de setembro e (C) anomalia de precipitação observada em relação à média histórica para a Região Nordeste do Brasil. Fonte: http://proclima.cptec.inpe.br/precmesset.shtml.

 

 

Síntese do Traçado do Monitor de Secas de Setembro de 2015

 

Em uma pré-análise, para o traçado do mapa do Monitor de Secas de setembro de 2015, foram considerados os índices SPI e SPEI de 3, 4, 6, 12, 18 e 24 meses, com maior detalhamento para os estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Bahia, porém com menor quantidade de dados com relação aos meses anteriores. No intuito de compensar a falta de informações, não só nesses Estados, mas, principalmente, naquelas áreas onde há um déficit maior, foram utilizados de forma ampla os seguintes produtos de apoio: índice de saúde da vegetação, precipitações e temperaturas observadas, anomalias e climatológicas do mês de setembro e nos meses anteriores, índices combinados (SPI e SPEI de curto e longo prazo).

Outros produtos de apoio utilizados foram: precipitação acumulada (mm) nos período de 1, 2, 3, 4, 12 e 24 meses, normais climatológicas, disponibilizados pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e também mapas de precipitação e temperaturas do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC/INPE). Com isso, áreas da região NE, onde há poucos pontos de informações, foram mais detalhadas e, consequentemente, melhor analisadas. Além disso, esses produtos de apoio serviram para complementar as análises feitas em áreas onde a densidade de informações é maior.

É necessário ressaltar que, para o traçado deste mapa, foi considerada a seca física, levando-se em conta, principalmente, os índices (SPI e SPEI), sem analisar as informações dos reservatórios. A Figura 2 (A e B) mostra os mapas validados, referentes aos meses de agosto e setembro de 2015, onde é possível verificar algumas mudanças no traçado geral, descriminada a seguir.

MSNS

 

No estado do Maranhão (MA), houve uma expansão na área de seca de intensidade grave (S2) no setor sudoeste e norte. Nas outras regiões manteve-se a mesma categoria de seca do mês anterior. Tais mudanças se devem, principalmente, pela diminuição das precipitações e aumento acima do normal das temperaturas para essa época do ano, evidenciadas também nos índices de vegetação, que mostra o agravamento na severidade da seca. Em todo o Estado, o impacto causado pela seca é curto e longo prazo.

No estado do Piauí o grau de severidade da seca varia de intensidade grave (S2) a excepcional (S4), com impacto de curto e longo prazo. Quando comparado com o mês anterior, se verificou uma expansão na área de seca extrema (S3), no sudoeste do Estado, e também se constatou uma expansão da área de seca excepcional (S4), devido ao agravamento na seca na região conhecida como mesorregião Sudeste Piauiense.

No Ceará, o grau de severidade da seca varia de seca fraca (S0) a seca excepcional (S4). Comparando com o mês de agosto, houve expansão na área de seca excepcional (S4), nas mesorregiões do Jaguaribe, Sertões e Noroeste. Já a região conhecida como mesorregião Metropolitana de Fortaleza passou a apresentar seca fraca (S0), sendo nessa área impacto de curto prazo, pois a seca iniciou nesse mês. Nas outras áreas do estado, o impacto devido às condições de seca é de curto e de longo prazo.

O Rio Grande do Norte permaneceu como no mês anterior, em que os indicadores de seca em todo o estado, variando de seca fraca (S0) a seca excepcional (S4). Com relação ao mês de agosto, houve uma pequena expansão da área de seca excepcional (S4) na divisa com o Ceará. Quanto aos impactos, verificou-se que na maior parte do estado estes continuam sendo de curto e longo prazo. A exceção apenas na mesorregião Agreste onde o impacto é de curto prazo, devido o período de estiagem ter iniciado em agosto.

Na Paraíba, não foram registradas mudanças nas condições de seca com relação ao mês de agosto. O estado permanece com grau de severidade de seca variando de seca fraca (S0) no setor leste até seca excepcional (S4), no setor oeste. Quanto aos impactos da seca, no estado da Paraíba estes também são de curto e longo prazo.

Em Pernambuco, não ocorreram alterações na severidade e também nas áreas de seca, isso devido ao mês ser climaticamente seco e as temperaturas próximas da climatologia do período. Em todo estado as condições de secas verificadas no mês anterior permaneceram inalteradas, com variação de seca fraca (S0) a seca excepcional (S4). O impacto da seca é de curto prazo apenas na Mata Sul e Região Metropolitana do Recife e nas demais áreas o impacto é de curto e longo prazo.

No estado de Alagoas, houve pequena expansão do Sertão para o Agreste Alagoano na área de seca grave (S2), e na área de seca extrema (S3) que aumentou a área no Sertão, devido à diminuição de chuvas e elevação das temperaturas, com impacto de curto e longo prazo. No Leste e parte do Agreste Alagoano a seca permanece com severidade de seca fraca (S0) e com impacto de curto prazo.

No estado de Sergipe, permaneceram as condições de normalidade no setor sul do estado e seca fraca (S0) na maior parte do estado. Pequena expansão da área de seca grave (S2) ocorreu no sertão, na fronteira entre Bahia e Alagoas. Quanto aos impactos, em praticamente todo o território sergipano continuam sendo de curto prazo, com exceção do extremo noroeste, onde os impactos são curto e longo prazo.

Na Bahia, ocorreram as mudanças mais expressivas com relação ao mês anterior, devido à diminuição das chuvas e altas temperaturas registradas em setembro. No extremo sul do Estado surgiu uma área de seca fraca (S0). Houve expansão das seguintes áreas de seca: na área na de seca fraca (S0) na região da Chapada Diamantina e Sudoeste, na área de seca grave (S2) do noroeste até o centro-sul, e na área de seca excepcional (S4) do Vale São Franciscano até parte da mesorregião do Extremo Oeste Baiano. Em relação aos impactos, verificou-se que na maior parte do Estado, estes são de curto prazo, com exceção da faixa norte, onde a seca tem impacto de curto e longo prazo.

Para o refinamento no traçado do mapa do mês de setembro, foram utilizadas as considerações feitas pelos representantes da ANA – DF, INEMA – BA, FUNCEME – CE e ARESTech, durante a reunião de autoria no dia 09/10/2015, assim como as contribuições dos validadores da CODEVASF – PE, INEMA – BA, COGERH – CE, FUNCEME – CE, LABMET/UEMA-MA, EMPARN/EMATER-RN, SEMAR – PI E SEMARH – AL. Agradecemos a todos que contribuíram para o traçado do mapa a ficar mais próximo da realidade de seca vivenciada em cada estado.



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