MONITOR DE SECAS DO MÊS DE OUTUBRO DE 2015
Por Márcio Fialho em 17 de novembro de 2015
NARRATIVA DO MONITOR DE SECAS DO MÊS DE OUTUBRO DE 2015
Condições Meteorológicas do Mês de Outubro de 2015
A distribuição mensal climatológica da chuva para o Nordeste brasileiro (NEB), no mês de outubro (figura 1 b), apresenta os maiores índices pluviométricos, valores acima de 75 mm, na faixa litorânea e oeste da Bahia (BA), no sudoeste do Piauí (PI) e no sul e sudoeste do Maranhão (MA). As demais áreas da região Nordeste do Brasil (NEB), apresentam valores inferiores a 75 mm. Em algumas áreas do NEB como no litoral do MA, centro-norte do PI, Ceará (CE), Rio Grande do Norte (RN), Paraíba (PB), Pernambuco (PE), Alagoas (AL), Sergipe (SE) e no extremo norte da BA os índices são inferiores a 25 mm, o que faz o mês de outubro estar inserido no período de estiagem da região do NEB.
De um modo geral, no decorrer do mês de outubro de 2015, conforme mostra à figura 1 (a), os índices pluviométricos mais significativos foram observados em pequenas áreas do NEB, como no sudoeste e nordeste da BA e no oeste do estado do MA. No entanto, cabe ressaltar que os maiores registros foram valores entre 50 e 75 mm (abaixo da média histórica). Nas demais áreas nordestinas, a chuva observada não ultrapassou os 50 mm e em uma ampla área da região do NEB os índices pluviométricos foram inferiores a 25 mm. Em virtude da pouca pluviometria no decorrer do mês, observou-se anomalias negativa de precipitação em praticamente toda a região do NEB, conforme mostra a figura 1 (c).
Embora o mês de outubro não apresente, climatologicamente, índices pluviométricos elevados, cabe considerar que uma das possíveis causas para a pluviometria abaixo da média, pode estar associada ao fenômeno El Niño (temperaturas acima da média no Pacífico Equatorial) que vem sendo observado desde o primeiro semestre de 2015.
Síntese do Traçado do Monitor das Secas de Outubro de 2015
Em uma pré-análise, foram considerados os índices SPI e SPEI de 3, 4, 6, 12, 18 e 24 meses, com maior detalhamento para os estados do Ceará (CE), Rio Grande do Norte (RN) e Pernambuco (PE), em virtude, de uma quantidade maior de pontos e informações que esses estados, da região Nordeste do Brasil (NEB), apresentam. É necessário ressaltar, que assim como no mês anterior (setembro), o mês de outubro apresentou falha nas informações de SPI para algumas áreas de Pernambuco (PE). Nas demais áreas do NEB, com o intuito de compensar o déficit de pontos e informações, foram utilizadas, de forma ampla, os seguintes produtos de apoio: índice de saúde da vegetação (VHI), climatologia das precipitações (mm), precipitação observada (mm) no mês de outubro e nos meses anteriores, anomalia de precipitação (mm), índices combinados (SPI e SPEI de curto e longo prazo). Com isso, áreas da região do NEB, onde há poucos pontos de informações, foram melhor analisadas, além de complementar as análises feitas em áreas onde a densidade de informações é maior (CE, RN e PE).
É necessário ressaltar que, para o traçado deste mapa, foi considerada a seca física, levando-se em conta, principalmente, os índices (SPI e SPEI), sem analisar as informações dos reservatórios.
Ao comparar o mapa validado no mês de setembro de 2015, na figura 2 (a), com o mapa R1 do mês de outubro de 2015, na figura 2 (b), verificaram-se algumas mudanças no traçado geral (figura 2), tais como:
No Maranhão (MA), algumas áreas apresentaram uma expansão na severidade da seca moderada (S1), verificada no mês anterior, para seca grave (S2), principalmente no sul do estado. Essas mudanças foram em virtude das precipitações que ocorreram ao longo do mês de outubro, onde estas ficaram abaixo da média nessas áreas. Destaca-se ainda o surgimento de seca extrema (S3) na parte nordeste, leste e sul do MA.
No Piauí (PI), em virtude dos baixos índices pluviométricos observados ao longo do mês de outubro e também nos meses anteriores, houve uma expansão para a parte oeste da seca considerada extrema (S3). As regiões centro e sul do estado também apresentaram um aumento nas áreas de seca considerada excepcional (S4).
No Ceará (CE), observou-se uma expansão nas áreas de seca moderada (S1), seca grave (S2) e seca extrema (S3) em direção a parte norte (litoral). Além disso, ao comparar com o mês de setembro, observa-se um aumento na área de seca com severidade excepcional (S4), na região de transição entre as macrorregiões Jaguaribana e o extremo oeste do estado de Rio Grande do Norte (RN). No sul do CE, os produtos de apoio, como índice de vegetação (VHI), e alguns indicadores mostram um aumento na área de seca excepcional (S4) em direção aos estados da Paraíba (PB) e Pernambuco (PE).
Em Rio Grande do Norte (RN), as precipitações também não foram suficientes para amenizar a severidade da seca observada nos últimos meses. Por isso, observa-se o aumento de uma área com seca excepcional (S4) nas regiões oeste e central do estado, mais especificamente entre as microrregiões da Chapada do Apodi e a macrorregião Jaguaribana no (CE). Nas demais áreas do estado os indicadores apontam uma expansão das secas com intensidade extrema (S3), grave (S2) e moderada (S1) em direção a parte leste do estado.
Na Paraíba (PB), a seca observada em setembro se agravou ainda mais com um aumento na área de seca com intensidade excepcional (S4), se estendendo em uma área que vai do oeste até a parte central do estado. Nas demais regiões da PB também houve um avanço das secas com intensidade extrema (S3), grave (S2) e moderada (S1) em direção ao leste do estado.
No estado de Pernambuco (PE), os indicadores mostraram uma piora do cenário observado no mês anterior havendo um aumento na área de seca excepcional (S4) na região centro-oeste e também na parte do Agreste, divisa com o estado da PB. Nas parte leste do estado, verificou-se uma expansão das secas com severidade excepcional (S3) e grave (S2).
A seca segue em expansão gradativa em todo estado de Alagoas (AL), já atingindo níveis extremos em todo semiárido alagoano, se estendendo ao agreste e chegando até a Zona da Mata Alagoana. Por isso, houve pequena expansão do Sertão para o Agreste Alagoano na área de seca extrema (S3) e de seca grave (S2) devido à escassez de chuvas e também do aumento nas temperaturas, com impacto de curto e longo prazo. Na parte leste do estado houve um avanço da seca com intensidade moderada (S1) em direção a faixa litorânea.
Em Sergipe (SE), não houve mudanças significativas em relação ao mês anterior. As maiores mudanças ocorreram na parte leste onde observou-se o avanço das secas com intensidade moderada (S1) e seca fraca (S0).
Na Bahia (BA), as chuvas do mês de outubro, normalmente, se concentram na faixa centro-sul e oeste, quando tem início o primeiro período chuvoso do Estado. No entanto, as poucas chuvas registradas nesse mês (em 2015), inclusive, nas regiões onde são esperados volumes mais expressivos foram bastante escassas e irregulares. Os volumes mais expressivos não ultrapassaram os 50 mm, ocorrendo, apenas no extremo oeste e no litoral sul, ficando estes muito abaixo do normal para esse período. Somado a esse déficit de chuvas, que foi bem representado pelos indicadores SPI e SPEI, os índices de vegetação também foram de grande valia para uma melhor definição no traçado do mapa na área da Bahia. Na parte oeste houve um aumento da seca com intensidade extrema (S3). Já na parte norte do estado, na fronteira com os estados do PI e PE, houve o surgimento de áreas com seca excepcional (S4). Além disso, o material de apoio juntamente com os indicadores SPI e SPEI mostram uma expansão da área de seca fraca (S0) para toda a parte leste do estado e uma expansão, em direção ao leste, nas áreas de seca moderada (S1) e seca grave (S2). Em relação aos impactos, verificou-se que na maior parte do Estado estes são de curto prazo, com exceção da faixa norte, onde a seca tem impacto de curto e longo prazo.
Para o refinamento no traçado do mapa do mês de outubro, foram utilizadas as considerações feitas pelos representantes da ANA-DF, INEMA-BA, APAC-PE, durante a reunião de autoria no dia 11/11/2015 assim como as contribuições dos validadores da SEMARH-AL, AESA-PB, SEMARH-PI, SEMARH-SE. Com esse produto, aguardamos a colaboração de todos os validadores de forma que possamos refinar, ainda mais, o mapa deixando-o o mais próximo possível da realidade da seca ocorrendo no Nordeste.