MONITOR DE SECAS DO MÊS DE NOVEMBRO DE 2015
Por Márcio Fialho em 16 de dezembro de 2015
NARRATIVA DO MONITOR DAS SECAS DO MÊS DE NOVEMBRO DE 2015
Condições Meteorológicas do Mês de Novembro de 2015
No mês de novembro, o comportamento médio da precipitação no Nordeste brasileiro (Figura 1 – B), indica que os maiores volumes se concentram na faixa centro-sul e oeste dos estados do Maranhão, Piauí e Bahia, onde os acumulados variam entre 75 mm e 200 mm. Por outro lado, os menores volumes, com acumulados inferiores a 20 mm, são esperados em, praticamente, todos os estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e no extremo norte dos estados do Maranhão e Piauí. Nas demais áreas da Região, os volumes de precipitação variam entre 25 mm e 75 mm.
Em novembro de 2015, as poucas chuvas que ocorreram se concentraram no extremo sul dos estados do Maranhã, Piauí e faixa centro-oeste da Bahia (Figura 1 – A). Nessas áreas, os volumes mais expressivos variaram entre 50 mm e 130 mm. Nas demais áreas do Nordeste brasileiro, praticamente, não choveu registro de chuvas. Mesmo naquelas localidades onde ocorreram chuvas, esses acumulados ficaram abaixo dos 25 mm.
O reflexo dessas poucas chuvas é verificado na Figura 1-C, que mostra as anomalias de precipitação no mês de novembro de 2015. Percebe-se que os maiores déficits (com valores de até 100 mm) foram nos estados da Bahia, Maranhão e Piauí, sobretudo, nas áreas onde são esperados os volumes de chuvas mais expressivos desse mês. Nas demais áreas dessa Região, as chuvas registradas ficaram em torno da normalidade.
Síntese do Traçado do Monitor das Secas de Novembro de 2015
Em uma pré-análise, para o traçado do mapa do Monitor de Secas, referente ao mês de novembro de 2015, foram considerados os índices SPI e SPEI de 3, 4, 6, 12, 18 e 24 meses, com maior detalhamento para os estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Bahia, em virtude, de uma quantidade maior de pontos e informações que esses Estados apresentam. No intuito de compensar a falta de informações, não só nesses Estados, mas, principalmente, naquelas áreas onde há um déficit maior, foram utilizados de forma ampla os seguintes produtos de apoio:índice de saúde da vegetação, climatologia das precipitações, precipitação observada no mês de agosto e nos meses anteriores, anomalia de precipitação, índices combinados (SPI e SPEI de curto e longo prazo).
Outros produtos de apoio, disponibilizados pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), também foram utilizados, como: precipitação acumulada (mm) nos período de 1, 2, 3, 4, 12 e 24 meses, normais climatológicas, precipitação classificada por quantis (extremamente seco, muito seco, seco, normal, chuvoso, muito chuvoso e extremamente chuvoso) para o período de 3 meses, indicador SPI para 1, 3, 6, 12 e 24 meses e os dados de temperatura média e máxima para o Nordeste brasileiro (calculados a partir dos dados das estações convencionais do INMET). Com isso, áreas da região NE, onde há poucos pontos de informações, foram mais detalhadas e, consequentemente, melhor analisadas. Mesmo nas áreas onde a densidade de informações é maior, esses produtos de apoio também serviram para complementar as análises.
É necessário ressaltar que, para o traçado deste mapa, foi considerada a seca física, levando-se em conta, principalmente, os índices (SPI e SPEI), sem analisar as informações dos reservatórios. A Figura 2 (A e B) mostra os mapas validados, referentes aos meses de outubro e novembro de 2015, onde é possível verificar algumas mudanças no traçado geral, tais como:
No estado do Maranhão (MA), o predomínio continua sendo de uma seca de intensidade Moderada (S1) e Grave (S2) na maior parte de seu território, quando comparado com o traçado do mês anterior (outubro). Mesmo com a ocorrência de chuvas na região central do Estado, os volumes registrados não foram suficientes para manter essa área na categoria de uma seca de intensidade Fraca (S0), como verificado nos meses anteriores. No extremo sul do Estado, onde novembro é considerado um mês chuvoso, em 2015 as chuvas foram bastante escassas e apresentaram grande irregularidade ao longo do período. Com isso, tanto os indicadores (SPI e SPEI) quanto os produtos de apoio (VHI’s, anomalias de precipitação e temperaturas), não evidenciaram mudanças significativas na intensidade de seca nessa região, ou seja, manteve-se com seca Extrema (S3).
Além disso, o impacto causado pela seca continua sendo de curto e longo prazo em todo o Estado.
No estado do Piauí o grau de severidade da seca varia de intensidade Grave (S2) a Excepcional (S4), também com impacto de curto e longo prazo. Quando comparado com o mês anterior (outubro), verificou-se uma expansão (para oeste e para sul) na área S4, sobretudo, nas áreas conhecidas como mesorregiões Sudeste e Sudoeste Piauiense. Assim como no estado do Maranhão, a pouca variação na intensidade da seca no Piauí, especificamente, na faixa centro-sul do Estado, se deve a irregularidade das chuvas ao longo do período, bem como, dos volumes inferiores aos que são esperados no mês de novembro. Tal panorama também foi bem evidenciado pelos indicadores (SPI e SPEI) e pelos produtos de apoio, com destaque para os VHI’s, anomalias de precipitação e temperaturas.
No Ceará, as poucas chuvas registradas no mês de novembro foram de fraca intensidade e em áreas isoladas, o que resultou na ampliação da área de seca Moderada (S1) no norte do Estado, onde no mês anterior existia uma seca de intensidade Fraca (S0). Nas demais áreas do Ceará, não foram verificadas mudanças significativas, ou seja, na faixa centro-sul de leste do Estado manteve-se a seca com intensidade Excepcional (S4) e, com intensidade Extrema (S3), numa extensa área das mesorregiões Norte e Noroeste. Nessas mesorregiões também permaneceu, sem mudanças significativas, a área de seca Grave (S2). Quanto aos impactos, estes continuam sendo de curto e longo prazo em, praticamente, todo o Ceará, com exceção do extremo norte do Estado (no entorno da mesorregião Metropolitana de Fortaleza), onde os impactos continuam sendo de curto prazo.
No estado do Rio Grande do Norte, praticamente, não houve registro de chuvas no mês de novembro (comportamento normal para esse período), resultando no agravamento da seca na maior parte do Estado. No entanto, as mudanças mais expressivas foram na expansão das áreas com seca de intensidade Excepcional (S4), com destaque para a mesorregião Central Potiguar (na divisa com a Paraíba), e nas áreas de secas com intensidade Extrema (S3) e Grave (S2) na direção leste do Estado. Também houve uma expansão na área de seca com intensidade Moderada (S1), em direção ao litoral, onde no mês anterior havia uma área S0 (seca Fraca). Assim como no estado do Ceará, os impactos continuam sendo de curto e longo prazo em, praticamente, todo o Rio Grande do Norte, com exceção do leste do Estado (abrangendo grande parte da mesorregião Leste Potiguar), onde os impactos continuam sendo de curto prazo.
Na Paraíba, as poucas chuvas registradas nesse mês de novembro não foram suficientes para amenizar o agravamento da seca no Estado. As mudanças mais expressivas foram na expansão das áreas com seca de intensidade Excepcional (S4), com destaque para a mesorregião da Borborema (na divisa com o Rio Grande do Norte), e na área de intensidade Moderada (S1), em direção ao litoral, onde no mês anterior havia uma área S0 (seca Fraca). Segundo os indicadores e o material de apoio, nas demais áreas da Paraíba, não foram verificadas mudanças expressivas na severidade da seca, quando comparado com o mês anterior (outubro). Em relação aos impactos, estes continuam sendo de curto e longo prazo em todo o Estado.
No estado de Pernambuco, onde as chuvas do mês de novembro também foram de fraca intensidade e em áreas isoladas, os indicadores mostraram que as mudanças mais significativas ocorreram com a expansão nas áreas S3 (seca Extrema) e S1 (seca Moderada), ambas na faixa compreendida como Zona da Mata e Agreste. Nas demais áreas do Estado, não foram verificadas mudanças significativas na intensidade da seca. Quanto aos impactos, estes continuam sendo de curto e longo prazo na maior parte de Pernambuco, com exceção do extremo leste do Estado (abrangendo grande parte da Zona da Mata), onde os impactos continuam sendo de curto prazo.
No estado de Alagoas, as chuvas que ocorreram no mês de novembro de 2015 também não foram suficientes para manter uma condição de seca Fraca (S0) na região da Zona da Mata alagoana, onde houve uma expansão na área de seca com intensidade Moderada (S1). Esta, portanto, foi a mudança mais significativa na severidade da seca no estado de Alagoas. Quanto aos impactos, estes continuam sendo de curto e longo prazo, sobretudo, nas mesorregiões do Sertão e
Agreste alagoano. Já na mesorregião Leste Alagoano, o impacto predominante é de curto prazo.
No estado de Sergipe as mudanças mais significativas na severidade da seca ocorreram nas mesorregiões do Agreste e Leste Sergipano, onde as chuvas de novembro não foram suficientes para manter essas áreas numa condição de seca Fraca (S0). Quando comparado com o mapa do mês de outubro de 2015, houve uma expansão da área S1 (seca Moderada) em, praticamente, toda a extensão dessas mesorregiões, onde os impactos de curto prazo também se mantiveram. Já no extremo oeste do Estado (grande parte da mesorregião do Sertão Sergipano), os impactos continuam sendo de curto e longo prazo.
Na Bahia, as poucas chuvas registradas no mês de novembro resultaram no agravamento da severidade da seca em, praticamente, todo o Estado. Na faixa centro-oeste e sul, onde são esperados volumes elevados de chuvas no mês de novembro, a irregularidade ao longo do período e a redução no volume das chuvas implicaram na ampliação da área de seca com intensidade Extrema (S3) no centro-oeste e da área com intensidade Grave (S2) para o sul. Outra mudança significativa foi na faixa leste, abrangendo as regiões da chapada diamantina, recôncavo e nordeste baiano, onde houve uma expansão da área S1 (seca Moderada), cobrindo toda a área S0 (seca Fraca) observada no mês anterior (outubro). Em relação aos impactos, verificou-se que na maior parte do Estado, estes são de curto prazo, com exceção da faixa norte, onde a seca tem impacto de curto e longo prazo.
Para o refinamento no traçado do mapa do mês de novembro de 2015, foram utilizadas as considerações feitas pelos validadores da AESA-PB, APAC-PE, CODEVASF-PE, EMPARN/EMATER-RN, FUNCEME-CE, SEMARH-PI e UEMA/NUGEO/LABMET-MA, tornando possível uma aproximação da realidade da seca que está ocorrendo no Nordeste brasileiro.