MONITOR DE SECAS DO MÊS DE JANEIRO DE 2016
Por Márcio Fialho em 18 de fevereiro de 2016
NARRATIVA DO MONITOR DE SECAS DO MÊS DE JANEIRO DE 2016
Condições Meteorológicas do Mês de Janeiro de 2016
A distribuição da chuva climatológica de janeiro (figura 1b) apresenta os maiores valores pluviométricos (acima de 150 mm)no setor oeste da região Nordeste, incluindo todo estado do Maranhão,oeste e sul do Piauí, e oeste e sul da Bahia.Por outro lado, os menores valores (abaixo de 50 mm) se concentram no setor leste da Região, entre na faixa que vai do Rio Grande do Norte até Sergipe.
Precipitações superiores a 200 mm foram registradas em todos os estados da Região em janeiro de 2016, conforme mostra à figura 1 (a),com valores acima de 300 mm no sul do Maranhão, centro e sul do Piauí, centro e oeste da Bahia, e também em pontos isolados do Ceará e Rio Grande do Norte.
As anomalias da precipitação representadas na Figura 1 (c) demostram que o mês de janeiro foi considerado extremamente chuvoso em grande parte da Região, com anomalias positivas superiores a 300 mm no oeste da Região. Apenas no norte do Maranhão, as chuvas que ocorreram foram inferiores a média climática, apresentando anomalias negativas de até 200 mm.
As precipitações que ocorreram em janeiro foram suficientes para reduzir a intensidade da seca em toda Região. Ressaltando que, nas áreas com maior precipitação e com e o impacto da seca era apenas de curto prazo,houve uma redução brusca na intensidade da seca, devido à melhoria dos pastos e recarga nos reservatórios de pequeno porte. Enquanto que nas áreas onde o impacto da seca era de curto e de longo prazo, as precipitações não foram suficientes para grandes alterações nos impactos causados pela seca de longo prazo, como recarga dos grandes reservatórios e redução do abastecimento através de carro-pipa.
Síntese do Traçado do Monitor das Secas de Janeiro de 2016
Em uma pré-análise, foram considerados os índices SPI para 3, 4, 6, 12, 18 e 24 meses, com maior detalhamento para os estados do Ceará (CE), Rio Grande do Norte (RN), Pernambuco (PE), incluindo a Paraíba (PB) nesse mês, em virtude de uma quantidade maior de pontos e informações que esses estados da região Nordeste do Brasil (NEB) apresentam. Para todas as áreas do NEB, com o intuito de compensar a falta dos dados de SPEI e também o déficit de informações, foram utilizadas, de forma ampla, os seguintes produtos de apoio: climatologia da precipitação mensal, precipitação observada, anomalia de precipitação do mês de janeiro e dos meses anteriores e índice de saúde da vegetação (VHI). Com isso, áreas da região do NEB, onde há poucos pontos de informações, foram analisadas, além de complementar as análises feitas em áreas onde a densidade de informações é maior. Em alguns pontos, onde o SPI estava com valores duplicados e diferentes, não foram considerados os dados.
É necessário ressaltar que, para o traçado deste mapa, foi considerada a seca física, levando-se em conta, principalmente, o índice SPI, de curto e longo prazo, sem analisar as informações dos reservatórios.
Ao comparar o mapa validado no mês de dezembro de 2015, na figura 2 (a), com o mapa validado do mês de janeiro de 2016, na figura 2 (b), verificaram-se mudanças significativas no traçado geral (figura 2), tais como:
Percentil do Monitor de Secas:
• S4, Seca Excepcional: Repetição uma vez a cada 50+ anos
• S3, Seca Extrema: Repetição uma vez a cada 20 a 50 anos
• S2, Seca Severa: Repetição uma vez a cada 10 a 20 anos
• S1, Seca Moderada: Repetição uma vez a cada 5 a 10 anos
• S0, Seca Anormal: Repetição uma vez a cada 3 a 5 anos
No Maranhão, houve um agravamento da intensidade da seca na parte noroeste do estado, passando de seca grave (S2) para seca extrema (S3), mesmo com ocorrência e chuvas nessa área. Esse aumento foi justificado pela quantidade de precipitaçãoter sido muito inferior ao esperado para o mês, com uma anomalia negativa de 200 mm. No sul do estado houve uma diminuição da intensidadeda seca extrema (S3) para seca moderada (S1), em virtude das fortes precipitações que ocorreram nessa área. O estado permanece com impactos de secas de curto e longo prazo no centro e norte, e impactos de seca de longo prazo na parte sul.
Em todo o estado do Piauí, houve uma diminuição da intensidade da seca, passando de seca excepcional (S4) para seca moderada (S1) no sul do estado, de seca excepcional (S4) para seca grave (S2) no centro e de seca extrema (S3) para seca moderada (S1) no nortedo estado. Em todo o estado os impactos causados pela seca são apenas de longo prazo, pois os impactos de curto prazo foram dizimados pelas fortes chuvas de janeiro.
No Ceará, observou-se uma diminuição da intensidade da seca em todo o estado, bem como a mudança dos impactos que eram de curto e longo prazo, agora apenas de longo prazo. No centro e sul, a intensidade reduziu de excepcional (S4) para seca extrema (S3), e no norte do estado, onde antes a intensidade variava de extrema (S3) a moderada (S1), passou a variar de grave (S2) a fraca (S0), sendo que no litoral não há indicativos de seca.
No Rio grande do Norte, as precipitações também amenizaram a severidade da seca observada nos últimos meses. O estado passou de uma situação de seca variando de seca excepcional (S4) a seca fraca (S1), para uma variação de seca de extrema (S3) a fraca (S1), porém com diminuição das áreas de seca, ficando o litoral leste com ausência de seca. Os impactos que antes eram de curto e longo prazo, passaram apenas a ser de longo prazo.
Na Paraíba,também houve diminuição na intensidade e nas áreas de seca. Em dezembro a seca no estado tinha uma variação de seca excepcional (S4) a seca fraca (S0) com impactos de longo e curto prazo, passou ter intensidade de seca variando de extrema (S3) a seca fraca (S0), excluindo litoral de indicativos de seca. Em todo o estado os impactos passaram a ser de longo prazo e não mais de curto e longo prazo.
No estado de Pernambuco, verificou-se a redução da seca excepcional(S4) para a seca extrema (S3), porém sem redução da área que abrange o Agreste e o Sertão do estado. No setor leste, houve uma redução da tanto da área como da intensidade da seca, onde antes variava de extrema (S3) a fraca (S0), passou a variar de moderada (S2) a fraca (S0), com surgimento de uma área com ausência de seca no litoral.Também em Pernambuco, os impactos passaram a ser de longo prazo e não mais de curto e longo prazo.
No estado de Alagoas também houve uma redução das áreas e dos níveis de intensidade de seca. Em dezembro todo o estado passava por um regime de seca que varia de intensidade de excepcional (S4) a fraca (S0), passando a apresentar em janeiro uma variação de seca moderada (S2) a fraca (S0), do Sertão até o Agreste, sendo que as microrregiões do Litoral, Zona da Mata e Baixo São Francisco encontram-se com ausência de seca.
Em Sergipe, havia uma variação na intensidade de seca de extrema (S3) a fraca (S0). Com as precipitações de janeiro, a variação na intensidade da seca passou de moderada (S2) a fraca (S0). Ressaltando que janeiro não faz parte do período chuvoso de Sergipe.
A Bahia foi o estado onde ocorreram as maiores alterações no quadro de seca, pois foi onde ocorreram também as maiores precipitações.No centro e oeste do estado, onde havia seca de intensidade excepcional (S4) passou a apresentar seca de intensidade modera (S1). No setor leste, especificamente, na região da Zona da Mata e Agreste Norte, em dezembro de 2015 o predomínio era de seca de intensidade grave (S2) e moderada (S1), passando em janeiro de 2016 para uma seca de intensidade fraca (S0). No extremo norte, onde os indicadores mostravam uma seca excepcional (S4), passou a apresentar indicativos de seca grave (S2)e com impactos apenas de longo prazo. Nas outras áreas do estado, os impactos passaram de curto para curto e longo prazo devido à persistência de indicadores de seca desde fevereiro de 2015.
Para o refinamento no traçado do mapa do mês de janeiro, foram utilizadas as considerações feitas pelos validadores do INEMA-BA, FUNCEME-CE, SEMARH-AL, SEMAR-PI, AESA-PB, IPA-PE, UEMA-MA, EMPARN/EMATER-RN tornando possível uma aproximação da realidade da seca que vem sendo observada na região Nordeste do Brasil.