MONITOR DE SECAS DO MÊS DE MAIO DE 2016
Por Márcio Fialho em 16 de junho de 2016
NARRATIVA DO MONITOR DE SECAS DO MÊS DE MAIO DE 2016
Condições Meteorológicas do Mês de Maio de 2016
A Figura 1 mostra a espacialização da precipitação do Nordeste brasileiro: (a) registrada no mês de maio de 2016, (b) média histórica (ou climatologia) do mês de maio e (c) o desvio (ou anomalia) da precipitação registrada neste mês, em relação à média histórica.
Historicamente, no mês de maio (Figura b) os volumes de chuvas mais significativos (com acumulados acima de 150 mm) se concentram na faixa leste da Região, especificamente, na área da Zona da Mata entre o estado do Rio Grande do Norte e Recôncavo baiano. Na faixa centro-norte do estado do Maranhão e extremo norte do Piauí e Ceará são áreas onde os acumulados também superam os 150 mm no mês de maio.Nas demais áreas dos estados do Rio Grande do Norte, Alagoas, Sergipe, grande parte do Ceará, faixa central do Piauí e Maranhão, Agreste da Paraíba, Pernambuco e Bahia, esses acumulados variam entre 75 mm e 150 mm. Para as demais áreas do Nordeste brasileiro, os acumulados de chuvas são inferiores a 75 mm.É importante ressaltar que, o mês de maio está inserido no período de estiagem de grande parte do estado da Bahia e da faixa centro-sul do Piauí.
O reflexo das poucas chuvas nesse mês de maio, principalmente, nas áreas onde são esperados volumes elevados, é evidenciado no mapa de anomalias de precipitação na Figura c. Nessas áreas os déficits variaram entre 100 mm e 200 mm. Ainda assim, eventos de chuvas mais intensos contribuíram para reduzir essa deficiência em algumas áreas, a exemplo de grande parte da Zona da Mata dos estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e em pontos isolados nas mesorregiões “Leste Maranhense” e “Sertão e Agreste Pernambucano”, onde as chuvas variaram entre 50 mm e 200 mm acima da normalidade. Nas demais áreas do Nordeste brasileiro as precipitações ficaram em torno da normalidade.
Síntese do Traçado do Monitor das Secas de Maiode 2016
Em uma pré-análise, foram considerados os índices SPI e SPEI para 3, 4, 6, 12, 18 e 24 meses, com maior detalhamento para os estados do Ceará (CE), Rio Grande do Norte (RN),Paraíba (PB) e Pernambuco (PE), em virtude de uma quantidade maior de pontos e informações que esses estados da região Nordeste do Brasil (NEB) apresentaram. No intuito de compensar o déficit de informações, tanto para esses estados quanto para as demais áreas do Nordeste brasileiro, foram utilizadas, de forma ampla, os seguintes produtos de apoio: climatologia da precipitação mensal, precipitação observada, anomalia de precipitação do mês de maio (e dos meses anteriores), bem como, o índice de saúde da vegetação (VHI). Com isso, áreas da Região onde há poucos pontos de informações foram analisadas, além de complementar aquela onde a densidade de informações é maior.
É necessário ressaltar que, para o traçado deste mapa, foi considerada a seca física, levando-se em conta, principalmente, o índice SPI, de curto e longo prazo.
Ao comparar o mapa validado no mês de abril de 2016 (Figura 2-a) com o mapa validado do mês de maio de 2016 (Figura 2-b), verificaram-se mudanças significativas no traçado, tais como:
No Maranhão, as poucas chuvas registradas no mês de maio contribuíram, significativamente, para ampliar a área de seca grave (S2), que avançou para o norte do Estado, reduzindo, assim, as áreas de secas fracas (S0) e moderada (S1). Nessas áreas (centro-norte do Maranhão) as anomalias negativas de precipitação ficaram em torno dos 200 mm. Quanto aos impactos, estes foram classificados como sendo de curto e longo prazo.
No estado do Piauí foram verificadas mudanças no extremo norte no Estado, onde as poucas chuvas de maio contribuíram para expandir as áreas de secas grave (S2) e moderada (S1), bem como, ampliação da área S3 (seca extrema) na faixa sudeste do Estado, onde faz divisa com o norte da Bahia. Em todo o estado do Piauí os impactos causados pela seca também foram de curto e longo prazo.
Assim como nos estados do Maranhão e Piauí, no Ceará as poucas chuvas que ocorreram no mês de maio também contribuíram para intensificar a seca no Estado, como: a expansão para norte das áreas S2 (seca grave), S1 (seca moderada) e S0 (seca fraca). Apenas na área da região metropolitana de Fortaleza é que não há indicativos de seca. Mesmo assim, nessa região as anomalias negativas de precipitação ficaram acima dos 100 mm. Quanto aos impactos, estes também foram de curto e longo prazo.
No Rio Grande do Norte permaneceu com os indicadores variando de seca grave (S2) a seca fraca (S0), porém com ampliação nas áreas S2 e S0 e, redução na área S1 (seca moderada). Outro destaque em relação às poucas chuvas, bem como, a sua irregularidade no estado do Rio Grande do Norte, deu origem ao agravamento do quadro de secas em parte das microrregiões do Seridó Ocidental, Serra de Santana e Pau dos Ferros, passando da categoria de uma seca grave (S2) para uma seca extrema (S3). Em relação aos impactos, estes também foram de curto e longo prazo. Apenas no litoral leste, no entorno da microrregião do Litoral Sul do Estado, se manteve com ausência de seca.
Na Paraíba, mesmo com as chuvas que ocorreram no mês de maio, foram poucas as mudanças em relação à intensidade da seca, quando comparado com o mês de abril de 2016. As mudanças mais significativas ocorreram na região do Cariri/Curimataú, onde as poucas chuvas e sua irregularidade contribuíram para um considerável agravamento da seca na região, passando de uma seca grave (S2) para seca extrema (S3). Outra área que também merece destaque é na região do Sertão e Alto Sertão paraibano que, no mês anterior (abril) ainda surgia uma área com seca moderada (S1). No entanto, a falta de chuvas no mês de maio contribuiu para a intensificação da seca nessa região, passando para uma seca de categoria grave (S2). Em todo o Estado os impactos continuaram sendo de curto e longo prazo. Por outro lado, as chuvas que ocorreram nos meses de abril e maio contribuíram para a manutenção de ausência de seca em toda a área da Zona da Mata paraibana.
Em Pernambuco também foram poucas as mudanças na intensidade da seca, quando comparado com o mês anterior (abril), ou seja, permaneceu a ausência de secas no litoral e na Zona da Mata pernambucana, devido, principalmente, às chuvas que ocorreram no setor leste do Estado. Outra mudança se deve a uma expansão da área de seca extrema (S3) para o setor leste do Agreste. Assim como no mês de abril, maior parte do estado de Pernambuco permanece com seca de intensidade extrema (S3) e, com impactos de curto e longo prazo.
No estado de Alagoas as poucas chuvas que ocorreram no mês de maio não foram suficientes para diminuir o grau de severidade da seca no Estado. Pelo contrário, houve uma expansão, em direção ao litoral, nas áreas de secas moderada (S1) e grave (S2), bem como, na área de seca extrema (S3) no oeste alagoano (Sertão). Por outro lado, houve uma redução na área de seca fraca (S0), assim como, na área com ausência de seca na faixa da Zona da mata e Agreste de Alagoas. Quanto aos impactos, todo o Estado se apresenta com seca de impacto de curto e longo prazo.
Assim como no mês de abril, em maio também houve uma intensificação no quadro de seca no estado de Sergipe, quando a área de seca grave (S2) se expandiu maior parte do Estado, ficando, apenas, uma estreita faixa na Zona da Mata com seca de intensidade moderada (S1). Tal mudança se deve, principalmente, as poucas chuvas registradas nos últimos meses que, foi observada, tanto nos indicadores quanto nos índices de vegetação. Em relação aos impactos, estes permaneceram como sendo de curto e longo prazo.
Na Bahia, as poucas chuvas registradas no mês de maio contribuíram, significativamente, para o aumento da severidade da seca na maior parte do Estado, onde houve uma grande expansão na área com seca grave (S2), cobrindo toda a região da chapada diamantina e sudoeste. Também houve uma expansão na área de seca extrema (S3) no setor norte do Estado, que faz divisa com Pernambuco e Piauí. O destaque vai também para o sul da Bahia, onde surgiu uma nova área de seca com intensidade extrema (S3). Em relação aos impactos da seca, estes também são de curto e longo prazo em toda a Bahia.
A validação do mapa foi possível devido a contribuição das seguintes instituições: APAC-PE, FUNCEME-CE, EMPARN/EMATER-RN, SEMAR-PI e UEMA/NUGEO/LABMET-MA.